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Avanço na Produção Nacional de Insulina para Combater Diabetes

Publicado em: 04/04/2025

Avanço na Produção Nacional de Insulina para Combater Diabetes
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Avanço na Produção Nacional de Insulina para Combater Diabetes


Em um cenário preocupante onde a prevalência de diabetes no Brasil atinge alarmantes 10,2% da população, o que representa cerca de 20 milhões de brasileiros, o Ministério da Saúde anuncia uma parceria crucial para a produção nacional de insulina de ação prolongada. A formalização da Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) de insulina glargina, envolvendo Biomanguinhos (Fiocruz), a empresa de biotecnologia Biomm e a farmacêutica Gan&Lee, é um passo fundamental para reduzir a vulnerabilidade do país diante de um problema global de abastecimento e garantir o tratamento de milhões de pacientes do SUS com diabetes mellitus tipos 1 e 2. Já em 2025, a expectativa é que 20 milhões de frascos de insulina glargina sejam entregues à população, um volume essencial para atender parte da demanda existente.


O ministro Alexandre Padilha destacou a importância dessa iniciativa, ressaltando que "cada passo que tomamos no Ministério da Saúde é guiado pelo esforço de ampliar o acesso da população brasileira à saúde, a medicamentos e a tecnologias inovadoras". Ele enfatizou que o desenvolvimento de tecnologia e a transferência de conhecimento são cruciais para reduzir o tempo de espera por atendimento no SUS e gerar desenvolvimento, emprego e renda no país. A negociação com estados e municípios também foi apontada como vital, pois é na ponta que o tratamento efetivamente acontece.


Inicialmente, a parceria garantirá o atendimento aos pacientes com o produto embalado no Brasil, na fábrica da Biomm em Nova Lima (MG). A inauguração desta planta em 2024 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou a retomada da produção de insulina por uma empresa nacional após duas décadas de dependência externa, um marco importante diante da urgência em suprir a demanda nacional. A fábrica possui capacidade para atender toda a necessidade do país, facilitando o acesso dos pacientes ao tratamento contínuo.


O avanço mais significativo desta PDP é a garantia da transferência da tecnologia de produção da insulina glargina, atualmente detida pela farmacêutica chinesa Gan&Lee, para o Brasil, através de Biomanguinhos (Fiocruz). Este movimento estratégico tornará o produto 100% nacional, diminuindo drasticamente a dependência externa e fortalecendo a autonomia do sistema de saúde brasileiro. Nesse contexto, o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da insulina será produzido integralmente na planta da Fiocruz em Eusébio (CE), a primeira planta produtiva de insulina da América Latina, cuja construção será viabilizada com um investimento superior a R$ 930 milhões do Governo Federal, através do Novo PAC. Este investimento massivo visa assegurar uma cadeia produtiva completa e contínua para o abastecimento do SUS.


A instalação da nova fábrica da Fiocruz no Ceará representa um avanço crucial dentro do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, especialmente por se tratar de um estado sem tradição como polo farmacêutico. Este projeto impulsionará o desenvolvimento na região Nordeste e oferecerá um suporte essencial para mitigar um dos maiores desafios históricos de abastecimento do SUS. A longo prazo, em até 10 anos, a produção poderá alcançar a impressionante marca de 70 milhões de unidades anuais, garantindo o atendimento integral da população brasileira que necessita de insulina glargina.


O ministro Padilha reforçou que "esse avanço garante acesso à saúde, porque cada vez mais sabemos o quanto produzir no próprio país dá segurança e soberania para a população". Ele destacou que este acordo é um dos primeiros resultados concretos da parceria estratégica entre Brasil e China, intensificada pelo governo do presidente Lula, e que ele assegura a sustentabilidade do projeto, além de reforçar os planos de médio e longo prazo para alcançar a produção de IFA 100% nacional até 2033.


Rosane Cuber, diretora-adjunta de Biomanguinhos, enfatizou a missão da Fiocruz de garantir o acesso a medicamentos de qualidade para o SUS, afirmando que a instituição possui uma "longa trajetória de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo e de transferência de tecnologias" e que esta será "mais uma parceria de grande sucesso", com a internalização da produção dentro do prazo estabelecido, beneficiando milhões de pessoas que dependem do tratamento para diabetes.


É importante lembrar que o SUS já oferece tratamento integral para pessoas com diabetes, fornecendo gratuitamente quatro tipos de insulinas, além de medicamentos orais e injetáveis. A recente recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) em novembro de 2024 para ampliar o uso de insulinas análogas de ação rápida e prolongada também para pacientes com diabetes mellitus tipo 2 demonstra o compromisso contínuo em aprimorar o acesso e a qualidade do tratamento para essa parcela significativa da população brasileira.

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