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Caso de racismo em escola de Sorocaba

Publicado em: 04/04/2025

Caso de racismo em escola de Sorocaba
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Caso de racismo em escola de Sorocaba expõe falhas sistêmicas e trauma permanente
Um episódio de racismo ocorrido em 25 de março na Escola Estadual Professor Geraldo do Espírito Santo Fogaça de Almeida, em Sorocaba (SP), revela a persistência de violências raciais em ambientes educacionais. Quatro alunos foram suspensos após ordenarem que um colega negro “voltasse para a senzala” e o chamarem de “macaco”. O professor que presenciou a agressão e não interveio foi demitido por omissão, em um caso que agora é investigado pelo 9º DP sob os crimes de ameaça e preconceito racial.


Agressão e omissão: a dinâmica do trauma
De acordo com o relato da mãe da vítima ao g1, os xingamentos ocorreram quando o adolescente entrou na sala para buscar um computador. Frases como “macaco quer banana?” e “volta pra senzala” foram seguidas de ameaças físicas no pátio da escola, mesmo após a intervenção da direção. “Meu filho está visivelmente abatido, com transtorno de ansiedade”, desabafou a mãe, destacando que um professor negro, não o responsável pela sala, foi quem denunciou o caso. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2023) indicam que 71% das vítimas de racismo no Brasil são jovens entre 12 e 29 anos, e 43% dos casos ocorrem em instituições de ensino.


Falta de ação docente e responsabilização
A demissão do professor por omissão acende um debate sobre a formação antirracista de educadores. A Secretaria de Educação (Seduc-SP) afirmou ter registrado o caso no Programa Conviva, plataforma de monitoramento de conflitos escolares, e destacou medidas como o acompanhamento psicológico à vítima. A pasta também citou parcerias com o Conselho Municipal da Comunidade Negra para projetos de combate ao bullying e ao racismo. Contudo, especialistas apontam que 68% dos profissionais da educação não recebem treinamento específico para lidar com discriminação racial, segundo estudo da Universidade Federal de São Carlos (2024).


Protestos e a luta por justiça
Na quarta-feira (2), cerca de 30 pessoas protestaram em frente à escola, exigindo punição exemplar e políticas efetivas de inclusão. O ato reflete um cenário nacional: entre 2022 e 2023, denúncias de racismo em escolas paulistas cresceram 27%, conforme dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Para a mãe da vítima, a suspensão dos agressores é insuficiente: “Eles seguem ameaçando meu filho. Precisamos de justiça, não apenas de medidas paliativas”.


Desafios na reparação e prevenção
Além do apoio psicológico à vítima, a Seduc-SP prometeu “intensificar projetos de convivência pacífica”. No entanto, a demissão do professor e a suspensão dos alunos não abordam a raiz do problema: a normalização do racismo estrutural. Para organizações como o Instituto Geledés, casos como este exigem a implementação obrigatória da Lei 10.639/2003, que prevê o ensino da história afro-brasileira, ainda negligenciada em 40% das escolas públicas brasileiras (dados do Censo Escolar 2023). Enquanto isso, a comunidade aguarda conclusão das investigações policiais – um passo crucial para que a violência não se repita.

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