Publicado em: 06/06/2025
Solonópole: A Cidade Cearense no Centro da Corrida pelo Lítio
O pequeno município de Solonópole, com seus 18 mil habitantes no sertão cearense, emerge como um dos polos mais promissores para a exploração de lítio no Brasil. Mineral estratégico na fabricação de baterias para veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia renovável, o lítio colocou o Ceará no radar de mais de 100 empresas de mineração.
O Potencial Cearense no Cenário Nacional
O Brasil detém a quinta maior reserva mundial de lítio, com potencial para ampliar sua participação de 2% para 25% na produção global até 2030. No Ceará, concentram-se 573 dos 3.749 processos de pesquisa em andamento no país – a maioria no Sertão Central, com destaque para Solonópole. A região foi incluída na terceira fase do projeto federal de Avaliação do Potencial do Lítio, atraindo investimentos que podem chegar a R$ 15 bilhões nesta década.
Desafios e Riscos da Exploração
Apesar do entusiasmo econômico, especialistas alertam para a necessidade de transparência e fiscalização rigorosa. "Há um expressivo aumento na demanda internacional, mas ainda não temos clareza sobre a real capacidade do subsolo cearense", ressalta Pedro D'Andrea, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração. O processo atual está em fase de pesquisa, onde empresas avaliam a viabilidade econômica das jazidas – muitas delas com rochas menores que 100 metros de extensão, segundo estudos da UFC.
Regulação e Próximos Passos
A exploração depende de autorizações da Agência Nacional de Mineração (ANM), com áreas de pesquisa limitadas a 2.000 hectares. Antes de avançar para a lavra, é obrigatória a obtenção de licenças ambientais, além da proibição de atuação em terras indígenas. Enquanto Minas Gerais lidera a produção nacional no Vale do Jequitinhonha, o Ceará busca seu lugar nesse mercado, equilibrando oportunidades e responsabilidades socioambientais.
Interesse Histórico e Futuro Promissor
Estudados desde a década de 1970, os pegmatitos litiníferos de Solonópole agora despertam o interesse de gigantes do setor. Para Clóvis Parente, geólogo da UFC, a região oferece potencial, mas exige cautela: "As jazidas são numerosas, porém de pequeno porte". Enquanto isso, o estado se prepara para uma nova era econômica, na qual o sertão pode se tornar um dos pilares da transição energética global.