PSG busca glória europeia enquanto liga francesa enfrenta crise - Pagenews

PSG busca glória europeia enquanto liga francesa enfrenta crise

Publicado em: 31/05/2025

PSG busca glória europeia enquanto liga francesa enfrenta crise
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PSG busca glória europeia enquanto liga francesa enfrenta crise


Neste sábado (31), a Torre Eiffel será iluminada com as cores do Paris Saint-Germain — azul, branco e vermelho — em celebração à final da Champions League. A cada gol marcado, milhares de luzes piscarão no principal símbolo da capital francesa. Caso o time conquiste o título inédito, a Champs-Élysées deve ser tomada por uma das maiores celebrações populares da história recente de Paris.


O projeto bilionário em busca do topo


O PSG está prestes a coroar um projeto iniciado em 2011 pelo fundo Qatar Sports Investments (QSI), que tinha como objetivo colocar Paris no mapa das potências do futebol europeu. Desde então, o clube transformou-se em uma máquina de vencer dentro da França — mas com dificuldades constantes no cenário continental. Se vencer a Internazionale de Milão, o PSG se tornará apenas o segundo clube francês a erguer a taça da Champions em mais de 70 anos de história. O único precedente é o Olympique de Marselha, campeão em 1993, num título marcado por denúncias de suborno.


O custo interno do sucesso internacional


Paradoxalmente, a busca pela glória internacional teve um efeito colateral grave: o enfraquecimento profundo da liga nacional. O domínio esmagador do PSG na Ligue 1 — com 11 títulos nos últimos 14 anos — acabou esvaziando o interesse do público e afetando diretamente a saúde financeira da competição. Neste ano, menos de 500 mil torcedores toparam pagar os 40 euros mensais (cerca de R$ 260) pelo pacote de TV para acompanhar o campeonato. A saída foi reduzir drasticamente o preço e até incluí-lo em combos promocionais de redes de fast-food. Mesmo assim, foram necessários meses para alcançar a marca de 600 mil assinantes.


O contraste é gritante: os direitos de transmissão da Ligue 1, que já valeram mais de R$ 4,5 bilhões em 2016, hoje mal chegam a R$ 3 bilhões. Diante da crise, dirigentes cogitam mudar o formato do campeonato, abandonando o sistema de pontos corridos em favor de um mata-mata que gere mais emoção — e audiência.


Tentativas de recuperação e novas apostas


Raí, ídolo do PSG nos anos 1990 e hoje consultor do Paris FC — clube da capital que acaba de subir para a primeira divisão com apoio de novos investidores —, acredita que ainda há espaço para reverter a situação. “Acho que o grande problema foi a questão dos direitos do campeonato, que sofreu um desgaste. Mas com o PSG e outros clubes recebendo novos investimentos, tende-se a reunir ideias e buscar soluções para minimizar os impactos”, afirmou em entrevista à Folha.


Um elenco reformulado e menos estrelado


Curiosamente, o momento mais promissor do PSG na Champions League surge justamente após a saída de seus principais astros. Depois de Neymar, Mbappé e Messi deixarem o clube entre 2023 e 2024, o técnico espanhol Luis Enrique — campeão europeu com o Barcelona em 2015 — assumiu a missão de reconstruir o time com menos brilho midiático, mas mais consistência tática.


As novas peças funcionaram. O francês Ousmane Dembélé, vindo do Barcelona, e o georgiano Khvicha Kvaratskhelia, do Napoli, trouxeram velocidade e ousadia. O jovem Désiré Doué, de 19 anos, revelado pelo Rennes, desponta como promessa ao estilo de jogo que lembra, ironicamente, Neymar.


Na zaga, o capitão Marquinhos segue como o símbolo do clube, sendo o jogador mais vitorioso da história do PSG. Outro brasileiro, Lucas Beraldo, de 21 anos, ex-São Paulo, ainda busca firmar-se como titular, mas já é elogiado por Luis Enrique.


A realidade dos números


Mesmo sem os chamados “supercraques”, o PSG continua sendo uma potência. O elenco atual é avaliado em 923 milhões de euros, o sexto mais caro do mundo, segundo o site Transfermarkt. Isso representa sozinho 25% do valor de todos os jogadores da Ligue 1, escancarando a disparidade e o abismo competitivo dentro do campeonato francês.


Enquanto Paris se prepara para uma noite de celebração, a verdade é que, fora dos refletores da Champions, o futebol francês vive uma de suas maiores encruzilhadas. A glória de um pode, ao mesmo tempo, significar o declínio de todos os outros.

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