"Bela Demais Para Ser Abadessa?" Brasileira Envolta em Trama Novelesca Agita o Vaticano Pós-Francisco! - Pagenews

"Bela Demais Para Ser Abadessa?" Brasileira Envolta em Trama Novelesca Agita o Vaticano Pós-Francisco!

Publicado em: 12/05/2025

"Bela Demais Para Ser Abadessa?" Brasileira Envolta em Trama Novelesca Agita o Vaticano Pós-Francisco!
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Informações: FolhaPress


Fortaleza, Ceará - Nos bastidores da Igreja Católica, entre o luto pela partida de um pontífice e a ascensão de outro, uma história digna de Dan Brown emerge da Itália, envolvendo uma religiosa brasileira e um turbilhão de acusações, debandada conventual e uma promessa de luta por justiça. Aline Pereira Ghammachi, ex-madre-abadessa de um mosteiro centenário perto de Veneza, viu seu mundo ruir após uma carta anônima enviada ao Papa Francisco, culminando em sua deposição e no êxodo de mais da metade de sua comunidade.


Nascida no coração do Amapá, a administradora de empresas Irmã Aline dedicou sua vida à fé, transitando por traduções sigilosas e interpretações em eventos eclesiásticos. Em 2018, aos 33 anos, ascendeu ao posto de madre-abadessa, tornando-se a mais jovem a liderar um mosteiro na Itália. Sob sua gestão, a comunidade de cerca de 20 religiosas floresceu, abrindo suas portas para acolher mulheres vítimas de violência, cultivando uma horta comunitária para pessoas com autismo e até mesmo produzindo prosecco com uvas locais.


A reviravolta digna de um thriller eclesiástico começou dois anos atrás, com uma denúncia anônima endereçada ao Papa Francisco. As acusações? Maus tratos, manipulação das irmãs e ocultação do orçamento do mosteiro. Uma auditoria foi instaurada, e uma primeira inspeção em 2023 chegou a sugerir o arquivamento do caso. Contudo, a trama se adensou com a reabertura da investigação, que Irmã Aline atribui à influência de Frei Mauro Giuseppe Lepori, abade-chefe da ordem à qual o mosteiro pertenceu e com quem a brasileira trabalhou por anos. A acusação velada de Lepori, proferida em tom de "piada" mas carregada de ridículo, ecoa nas palavras da freira: "Ele dizia que eu era bonita demais para ser abadessa, ou mesmo para ser freira."


Em 2024, o Vaticano enviou uma nova visitadora apostólica, cuja avaliação sumária – "pessoa desequilibrada" e temor das irmãs – selou o destino de Aline. A notícia da deposição chegou enquanto o Papa Francisco convalescia, e a nova abadessa, uma senhora de 81 anos, assumiu o cargo no dia da morte do pontífice argentino, alegando representá-lo. "Isso aconteceu num dia de luto para a Igreja, e num dia em que nós não poderíamos recorrer a ninguém. Chega essa comissária e se diz representante de uma pessoa que não existe mais", desabafa Aline.


A ordem para que Aline deixasse o mosteiro e se isolasse em outra comunidade, sob a justificativa de um "caminho de amadurecimento psicológico", foi a gota d'água. Sem direito de defesa formal ou um julgamento justo, Irmã Aline partiu em 28 de abril, uma semana após a morte de Francisco. No dia seguinte, um êxodo surpreendente: cinco freiras fugiram do mosteiro, buscando refúgio em uma delegacia, alegando insuportável pressão. Outras se juntaram ao movimento, totalizando onze das 22 religiosas que abandonaram o convento desde a saída de Aline. "As que ficaram são as irmãs anciãs, de 85 anos, 88 anos", revela a brasileira.


A defesa de Irmã Aline ecoa na voz de uma das freiras fugitivas, Maria Paola Dal Zotto, que denunciou publicamente um "tratamento medieval, um clima de calúnias e acusações infundadas" contra a ex-abadessa, a quem descreve como "muito séria e escrupulosa". A Igreja mantém o silêncio oficial, mas a réplica de Frei Mauro Giuseppe Lepori, tachando Aline de manipuladora e sedenta por "poder e vaidade", apenas acirra a controvérsia.


Desde sua saída, Aline buscou apoio familiar em Milão e, durante o conclave, tentou, sem sucesso imediato, recorrer no Vaticano. "Eu não tive direito de defesa. Fui colocada para fora do mosteiro, sem motivação. Estamos até recorrendo no Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. Por que aconteceu? Porque eu sou mulher, porque eu sou jovem e porque, principalmente nesse contexto, sou brasileira?", questiona, apontando para as possíveis raízes de sua deposição.


O caso ganhou as manchetes italianas, com a RAI explorando a pergunta incômoda: "Freira em fuga: bela demais para ser abadessa?". Uma produtora alemã já vislumbra transformar essa saga em filme. Irmã Aline, embora reconheça o possível peso de sua aparência e origem, rebate o sexismo implícito: "Aí mostra a questão sexista, machista. Porque uma pessoa jovem e bonita deve ser burra. Não pode ser inteligente, tem que ficar calada."


Longe de se calar, Aline segue em frente. Um benfeitor ofereceu uma mansão para abrigar as freiras fugitivas, permitindo que continuem seu trabalho social. Na data da eleição de Leão XIV, a brasileira vislumbrava um futuro de recomeço, talvez em outra congregação, mantendo a fé e a dedicação ao serviço. Sua esperança reside no novo Papa: "Eu acredito que seja positivo, porque ele luta pelos direitos humanos. E ele é um papa canonista, ou seja, é formado em direito canônico. Então, ele vai entender a lei. Isso para mim já fala muito. Eu não estou pedindo nada mais do que a lei." A trama, longe de um ponto final, aguarda os próximos capítulos sob o olhar atento da Igreja e da mídia internacional.

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