Publicado em: 25/08/2025
Fortaleza, CE — Dez anos após uma das maiores chacinas da história do Ceará, o caso conhecido como Chacina do Curió, ou Chacina da Grande Messejana, entrou em uma nova fase nesta segunda-feira (25) com o início do quarto júri popular. Sete policiais militares, que formam o chamado “Núcleo da Omissão”, estão no banco dos réus, acusados de não terem impedido os crimes que resultaram na morte de 11 pessoas, em novembro de 2015.
A série de crimes ocorreu entre a noite de 11 e a madrugada de 12 de novembro, em uma ação que, segundo a acusação, foi uma retaliação à morte de um policial militar horas antes. No total, 11 pessoas foram mortas e outras sete ficaram feridas em uma onda de terror que durou menos de seis horas e se espalhou por quatro bairros da Grande Messejana.
O Ministério Público do Ceará (MPCE) sustenta a tese de que os sete policiais que estão sendo julgados se omitiram de forma "penalmente relevante". O sargento Farlley Diogo de Oliveira e os soldados Francisco Flávio de Sousa e Renne Diego Marques, que estavam na viatura RD 1087, são acusados de terem contato com os "comboios" de encapuzados que participaram das execuções e de não terem agido para impedi-los.
Outra viatura, a RD 1301, com o cabo Daniel Fernandes da Silva e os soldados Luís Fernando de Freitas Barroso e Gildácio Alves da Silva, é acusada de ter recebido um chamado de disparos, mas ter permanecido parada e se dirigido para o sentido oposto, conforme apontado pelo MPCE.
O soldado Francisco Fabrício Albuquerque de Sousa, também no banco dos réus, é o sétimo acusado neste julgamento.
Este é o quarto júri popular do caso, que tem 30 policiais denunciados no total. Os julgamentos anteriores, realizados em 2023, resultaram em diferentes vereditos:
1º Júri (junho de 2023): Quatro policiais foram condenados a 275 anos e 11 meses de prisão, cada um, por homicídio e tentativa de homicídio.
2º Júri (agosto de 2023): Oito policiais foram absolvidos por "negativa de autoria".
3º Júri (setembro de 2023): Houve duas condenações, seis absolvições e a desclassificação de um crime.
O quinto e último julgamento está agendado para o dia 22 de setembro de 2025, no mesmo Fórum Clóvis Beviláqua, e irá julgar os três últimos réus, concluindo o processo.
A luta por justiça no caso da Chacina do Curió é acompanhada de perto pela sociedade civil e por movimentos como o das Mães e Familiares do Curió, que buscam a responsabilização dos envolvidos e a memória das vítimas.