Publicado em: 16/04/2025
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) denunciou um caso de transfobia de Estado após ser identificada como "sexo masculino" em seu novo visto para os Estados Unidos. O documento foi emitido para sua participação na Brazil Conference, evento realizado nas universidades de Harvard e MIT, onde ela palestrará.
Apesar de apresentar todos os documentos oficiais, incluindo certidão de nascimento e passaporte diplomático, que a identificam como mulher, os dados foram ignorados pelas autoridades americanas. A deputada relata que a situação não a surpreende, já que casos semelhantes têm ocorrido com pessoas trans nos Estados Unidos nas últimas semanas.
"Não me surpreende. Isso já está acontecendo nos documentos de pessoas trans dos EUA faz algumas semanas. [...] Os documentos que apresentei são retificados, e sou registrada como mulher inclusive na certidão de nascimento. Ou seja, estão ignorando documentos oficiais de outras nações soberanas, até mesmo de uma representante diplomática, para ir atrás de descobrir se a pessoa, em algum momento, teve um registro diferente", declarou Erika em suas redes sociais.
Diante da situação, que a deputada classificou como "transfobia de Estado", ela optou por cancelar sua participação no evento, realizado no último sábado (12), por receio do tratamento que receberia no aeroporto americano.
A decisão do governo americano de ignorar os documentos oficiais da deputada está relacionada à política do presidente Donald Trump, que em seu primeiro dia de mandato assinou um decreto reconhecendo apenas dois gêneros: masculino e feminino. A medida reverte as políticas inclusivas implementadas pelo governo anterior de Joe Biden, em 2022.
Erika Hilton expressou sua solidariedade às pessoas trans que residem nos Estados Unidos, manifestando preocupação com a postura do governo americano. "O que me preocupa é um país estar ignorando documentos oficiais acerca da existência dos próprios cidadãos, e alterando-os conforme a narrativa e os desejos de retirada de direitos do Presidente da vez", afirmou a deputada.
A parlamentar informou que acionou o Itamaraty e que pretende acionar judicialmente Donald Trump, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Comissão Nacional de Direitos Humanos, buscando reparação e o fim da discriminação contra pessoas trans em território americano.