Publicado em: 26/05/2025
Moraes determina interrogatório de Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro em dez dias
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou que a Polícia Federal (PF) ouça o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no prazo máximo de dez dias. A decisão atende a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta movimentações nos Estados Unidos contrárias ao Judiciário brasileiro. O parlamentar licenciado, atualmente nos EUA, foi autorizado a se manifestar por escrito.
Justificativa do ministro e alcance da decisão
Moraes fundamentou a convocação do ex-presidente por considerá-lo "responsável financeiro" do deputado durante sua estadia no exterior, além de alegar que ambos seriam "diretamente beneficiados" pelas condutas em investigação. A PF também deverá ouvir o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), autor da representação criminal contra Eduardo Bolsonaro. O caso ganhou novos contornos após o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, mencionar a possibilidade de sanções contra autoridades brasileiras, incluindo Moraes.
Reação de Eduardo Bolsonaro e acusações de parcialidade
Em suas redes sociais, Eduardo Bolsonaro criticou a atuação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, acusando-o de agir com viés político. "No Brasil há um Estado de exceção, a 'justiça' depende do cliente", afirmou, defendendo sua permanência nos EUA como forma de "proteger as liberdades dos brasileiros". O deputado negou qualquer conduta nova e reiterou que suas declarações mantêm o mesmo tom de críticas anteriores.
PGR alerta para risco de interferência externa
Em sua manifestação, Gonet destacou a gravidade das ameaças ao STF, classificando-as como tentativas de interferência no exercício constitucional do Judiciário. O procurador citou suposto "tom intimidatório" nas ações de Eduardo Bolsonaro, que, segundo ele, buscariam influenciar o julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado atribuída ao ex-presidente. O caso reforça as tensões entre o STF e aliados de Bolsonaro, em um cenário onde discursos políticos e ações judiciais se entrelaçam cada vez mais.
Contexto internacional e possíveis desdobramentos
A menção a sanções por parte de autoridades norte-americanas adiciona complexidade ao caso, levantando debates sobre soberania judicial e relações diplomáticas. Enquanto a PF se prepara para cumprir a ordem de Moraes, o desfecho poderá impactar não apenas os investigados, mas também o equilíbrio institucional em um ano marcado por disputas políticas acirradas. O prazo de dez dias coloca pressão sobre as partes envolvidas, com repercussões que podem ir além das fronteiras nacionais.