Publicado em: 30/03/2025
Vice-presidente da Espanha denuncia "vergonha" após absolvição de Dani Alves em caso de violência sexual
A vice-presidente do governo espanhol, María Jesús Montero, classificou como "vergonha" a decisão judicial que absolveu o ex-jogador Dani Alves da acusação de agressão sexual contra uma mulher em uma boate de Barcelona, em 2022. O caso, que gerou ampla repercussão, reacendeu debates sobre justiça de gênero e a credibilidade de vítimas de violência sexual no país.
Contexto do caso e repercussão política
Em dezembro de 2022, uma jovem acusou Alves de tê-la violentado em uma casa noturna. O ex-atleta, detido entre janeiro de 2023 e março de 2024, foi inicialmente condenado a quatro anos e meio de prisão, mas recorreu da sentença. Na sexta-feira, 29 de março de 2024, o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha anulou a condenação, liberando-o após o pagamento de fiança. Montero destacou que a decisão representa um retrocesso na luta contra a violência de gênero, afirmando: "Questionar o testemunho de uma vítima e colocar a presunção de inocência acima da coragem de mulheres que denunciam poderosos é inaceitável".
Críticas à decisão judicial e questões de gênero
Em discurso durante o 16º Congresso Provincial do PSOE em Jaén, a vice-presidente enfatizou que a sentença mina avanços históricos na proteção às mulheres. "Estamos com ela, com todas que enfrentam gigantes para reivindicar dignidade. Sua voz é a voz de todas nós", declarou. Montero ressaltou que o caso expõe falhas sistêmicas: "É uma vergonha, após anos combatendo a violência machista, que é a expressão máxima da desigualdade".
Detalhes do processo e situação atual de Dani Alves
Alves, de 41 anos, foi preso em janeiro de 2023 e permaneceu 14 meses em custódia antes de ser liberado sob pagamento de fiança de €1 milhão em março de 2024. A defesa alegou inconsistências no relato da vítima, enquanto a acusação sustentou provas físicas e testemunhais. A absolvição gerou protestos de coletivos feministas, que organizaram manifestações em Barcelona e Madri, exigindo reformas urgentes no sistema judicial.
Impacto social e reações
O caso ocorre em um contexto sensível na Espanha, país pioneiro em leis como a "Lei do Sim é Sim" (2022), que reforçou punições para agressões sexuais. A decisão reacendeu críticas sobre a aplicação desigual da justiça, especialmente quando envolvem figuras influentes. Organizações como a Amnesty International emitiram notas alertando para o "efeito intimidador" que a absolvição pode ter sobre vítimas que hesitam em denunciar.
Caminhos para a justiça e apoio às vítimas
Montero reforçou o compromisso do governo em ampliar redes de apoio psicológico e jurídico para vítimas de violência sexual, além de pressionar por mudanças legais que priorizem suas narrativas. "Não vamos recuar. A luta por igualdade exige que escutemos e acreditemos nas mulheres", concluiu. Enquanto isso, a sociedade espanhola segue dividida entre defensores da presunção de inocência e movimentos que exigem justiça reparadora para casos de violência de gênero.