Estresse crônico e AVC: uma ameaça silenciosa para mulheres

Estresse crônico e AVC: uma ameaça silenciosa para mulheres
Um estudo do Hospital Universitário de Helsinque e do Instituto Karolinska, publicado na Neurology, alerta: mulheres com estresse moderado têm risco 78% maior de sofrer AVC isquêmico, responsável por 85% dos casos no Brasil. A pesquisa analisou 426 pacientes (18 a 49 anos) que tiveram derrame sem causa aparente, comparando-as com grupo controle.

Paradoxo do estresse e lacunas de gênero
Enquanto o estresse moderado elevou drasticamente o risco, o alto estresse teve impacto mínimo (6%), intrigando pesquisadores. Outro dado relevante: 46% das mulheres com AVC relataram estresse moderado/alto, contra 33% no grupo saudável. A ligação não foi observada em homens, levantando questões sobre diferenças biológicas e sociais.

Mecanismos perigosos: inflamação e pressão arterial
A Dra. Matilde Sposito, fisiatra especializada em reabilitação pós-AVC, explica: “O estresse prolongado ativa processos inflamatórios e eleva a pressão, comprometendo a circulação cerebral”. Apesar de a pesquisa não estabelecer causalidade, a associação reforça a urgência de políticas públicas para controle do estresse, principalmente entre mulheres jovens.

Prevenção: combate ao “tripé fatal”
Além do estresse, má alimentação e sedentarismo formam um cenário de risco. A médica destaca a importância de exames regulares, dieta balanceada e exercícios físicos, principalmente para quem tem predisposição genética. “O AVC muda vidas radicalmente. A reabilitação precoce é crucial”, afirma.

Reabilitação: tecnologia e terapias integradas
A fisiatria utiliza métodos como acupuntura, hidroterapia e bloqueios com toxina botulínica para tratar sequelas como espasticidade (rigidez muscular). O objetivo é restaurar a mobilidade e a autonomia, mas o processo exige tempo e recursos – um desafio em um país onde 70% dos sobreviventes de AVC dependem do SUS para reabilitação, segundo dados de 2023.

Avanços e desigualdades
Enquanto clínicas particulares oferecem terapias de ponta, a falta de acesso a tratamentos especializados no sistema público amplia disparidades. O estudo finlandês-sueco é um alerta global: combater o estresse não é só questão de bem-estar, mas de sobrevivência.