Publicado em: 28/04/2025
Psicóloga explica 6 aspectos de um namoro ou casamento saudável
O cenário dos relacionamentos no Brasil acende um alerta silencioso, mas importante. Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os brasileiros estão se casando cada vez menos. Desde 2015, o número de registros de casamento vem em queda consistente. Em 2021, foram celebradas 1.076.280 uniões. Já em 2022, esse número despencou para 970.041 — uma queda de quase 10% em apenas um ano. Mais preocupante ainda, a duração média dos casamentos também encolheu. Se em 2010 um casamento durava, em média, 16 anos, em 2022 esse tempo caiu para apenas 13 anos e 8 meses. Nas grandes cidades, a média, que já foi de 15 a 17 anos, agora flutua entre 13 e 15 anos. Diante desses dados, fica a pergunta inevitável: o que sustenta um casamento nos dias de hoje?
O novo significado do casamento
De acordo com Blenda Oliveira, doutora em Psicologia pela PUC-SP e psicanalista, a concepção de casamento mudou drasticamente nas últimas décadas. “Antes, há 50 anos, manter um casamento era, muitas vezes, questão de sobrevivência, negócios ou medo do julgamento social — especialmente para mulheres que não tinham independência financeira. Hoje, o casamento é mais exigente: o sentimento precisa vir primeiro e, às vezes, é o único critério”, explica Blenda. A especialista ressalta que, para sobreviver nesse novo contexto, as relações precisam ser nutridas com consciência e ação.
Os 6 aspectos que sustentam uma relação saudável
Blenda Oliveira destaca seis pilares fundamentais para que um namoro ou casamento tenha raízes fortes e duradouras. Ela reforça que não existem fórmulas mágicas: “Esses aspectos servem como guias para que as pessoas consigam ler a dinâmica do relacionamento, refletir sobre seus próprios papéis e os do parceiro. Se houver amor e real disponibilidade, é possível reforçar esses pilares — e até criar novos.”
1 - Compatibilidade psicológica
A liberdade para compartilhar pensamentos e emoções é essencial. “É insustentável viver em um relacionamento onde o silêncio e o medo imperam. A falta de espaço para expressar o que se sente mina qualquer conexão real e favorece o afastamento do casal”, alerta a psicóloga.
2 - Saber conviver a dois
Blenda lembra que conviver a dois é uma arte — e exige prática. “Quando se está solteiro, tudo gira em torno das próprias vontades. Num relacionamento sério, é crucial considerar o outro. Decisões devem ser compartilhadas, as necessidades precisam ser conhecidas. Perguntas simples como 'como essa pessoa gosta de receber amor?' ou 'como posso fazer o outro se sentir seguro?' fazem toda a diferença.”
3 - Graus de consenso
Ninguém precisa ser uma cópia do outro. Mas relações duradouras exigem algum alinhamento. “Ter visões muito divergentes pode tornar cada pequena decisão uma batalha. Sem algum consenso, o desgaste se instala, silencioso, e mina a relação dia após dia.”
4 - Atração e vida sexual
Sim, a vida sexual importa — e muito. “No começo, a paixão costuma dominar. Com o tempo, a intensidade inicial dá lugar a outros fatores, mas isso não diminui a importância da atração física. Sexo é conexão, é cuidado, é presença”, reforça Blenda, sem rodeios.
5 - Ciclos de vida, pressões e frustrações externas
Cada indivíduo dentro do casal vive seus próprios desafios. “É preciso entender que o outro também lida com pressões do trabalho, expectativas familiares, frustrações pessoais. Apoiar sonhos individuais e acolher dificuldades externas cria uma relação que é porto seguro e não apenas mais uma fonte de tensão.”
6 - Vantagens para permanecerem juntos
Por fim, Blenda lembra de um ponto muitas vezes esquecido: a necessidade humana de reciprocidade. “Todos nós queremos estar onde nos sentimos bem, onde vemos vantagem emocional, psicológica e até prática. Construir uma relação que ofereça segurança, parceria e cumplicidade é o que faz as pessoas quererem ficar — e não apenas por obrigação, mas por escolha.”
Relacionamentos são construções diárias
A psicóloga é clara: não existem manuais, nem receitas prontas. “Cada casal é único. Ter menos aspectos fortalecidos não é necessariamente um sinal de fracasso. Relações amorosas são vivas, exigem cuidado diário, disposição e paciência. Se houver vontade mútua, sempre é possível fortalecer o que ainda é frágil.”