Cineasta palestino vencedor do Oscar é libertado após violência em prisão israelense - Pagenews

Cineasta palestino vencedor do Oscar é libertado após violência em prisão israelense

Publicado em: 25/03/2025

Cineasta palestino vencedor do Oscar é libertado após violência em prisão israelense
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Cineasta palestino vencedor do Oscar é libertado após violência em prisão israelense: um retrato da crise humanitária na Cisjordânia
Hamdan Ballal, codiretor do documentário “No Other Land” – vencedor do Oscar 2025 –, foi libertado nesta terça-feira (25) após ser detido e espancado por soldados israelenses na Cisjordânia ocupada. O caso, denunciado pelo colega israelense Yuval Abraham, expõe a escalada de violência na região: 40 mil palestinos já foram desalojados em 2024, o maior número desde a Segunda Intifada (2000-2005), segundo a ONU. Ballal foi sequestrado após colonos mascarados atacarem seu carro com pedras em Susiya, aldeia onde o Exército israelense promove demolições sistemáticas de moradias palestinas.


Detalhes da agressão: entre a arte e a repressão
Testemunhas relataram que Ballal, com ferimentos na cabeça e no estômago, foi retirado à força de uma ambulância por soldados, algemado e espancado durante horas em uma base militar. “Era para ser um dia de celebração pelo Oscar, mas transformou-se em um pesadelo”, declarou Abraham, cujo filme denuncia a destruição de vilas em Masafer Yatta – área onde 1.200 palestinos enfrentam despejos iminentes, segundo a Anistia Internacional. As Forças de Defesa de Israel (FDI) negaram a prisão dentro da ambulância, alegando “detenção de três palestinos por ataque com pedras”.


Contexto ampliado: ocupação ilegal e crise humanitária
Desde 1967, a Cisjordânia vive sob ocupação militar israelense, considerada ilegal pelo direito internacional. Hoje, mais de 700 mil colonos israelenses ocupam o território, enquanto palestinos sofrem com restrições de movimento, demolições e violência de grupos armados. Em 2024, a taxa de deslocamentos forçados atingiu 105 famílias por dia, de acordo com o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). O filme de Ballal, codirigido por ativistas israelenses e palestinos, documenta essa realidade, mostrando casas destruídas por tratores do Exército e comunidades resistindo sob ameaça constante.


Repercussão internacional: arte como resistência e repressão
A prisão de Ballal ocorreu menos de uma semana após o Oscar, premiando um filme que o governo israelense classificou como “propaganda antissemita”. Para organizações de direitos humanos, o caso simboliza a criminalização de vozes palestinas. “A violência contra Ballal é um alerta: mesmo artistas reconhecidos globalmente não estão seguros”, afirmou o diretor da Anistia no Oriente Médio, Saleh Higazi. Enquanto isso, a União Europeia debate sanções a Israel pelo aumento de assentamentos ilegais – que subiram 23% em 2024, segundo o Peace Now.


O caminho frágil para a paz
A libertação de Ballal não apaga o trauma: 85% dos palestinos detidos nas últimas semanas relatam tortura ou maus-tratos, conforme a ONG israelense B’Tselem. Enquanto a comunidade internacional pressiona por um cessar-fogo em Gaza, a Cisjordânia vive sua pior crise em décadas. Para Ballal, a arte permanece como resistência: “Contaremos cada pedra arrancada, cada casa destruída. O mundo precisa ver”.

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