Crise migratória: Brasil-Portugal atinge nível crítico em 2024, 700% - Pagenews

Crise migratória: Brasil-Portugal atinge nível crítico em 2024, 700%

Publicado em: 03/04/2025

Crise migratória: Brasil-Portugal atinge nível crítico em 2024, 700%
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Crise migratória: Brasil-Portugal atinge nível crítico em 2024
O Relatório Anual de Segurança Interna de Portugal revela um aumento alarmante de 721% nas recusas de entrada de brasileiros no país: de 179 casos em 2023 para 1.470 em 2024. O dado reflete não apenas mudanças nas políticas migratórias, mas uma realidade dolorosa para milhares que veem sonhos de trabalho e estudo serem interrompidos ainda no aeroporto.


Os motivos por trás das deportações em massa
Dois fatores explicam o veto: ausência de justificativa clara para a permanência (como comprovante de emprego ou matrícula educacional) e vistos desatualizados ou inadequados. A situação se agravou após junho de 2024, quando Portugal encerrou a "regularização por manifestação de interesse" – mecanismo que permitia ajustar status migratório dentro do país. Hoje, 63% dos brasileiros barrados chegaram como turistas sem documentação adequada para atividades remuneradas, segundo o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras).


Fechamento de portas: o fim da regularização facilitada
A extinção da via de regularização dentro do território português deixou 28 mil brasileiros em situação irregular, de acordo com a Associação de Imigrantes do Brasil em Lisboa. Sem opções legais, muitos recorrem a empregos informais, aumentando riscos de exploração: 41% relatam jornadas acima de 12 horas diárias, conforme pesquisa da ONG Observatório das Migrações.


Promessas não cumpridas: o limbo da autorização da CPLP
Apesar da aprovação da autorização de residência para cidadãos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), incluindo brasileiros, o processo ainda não saiu do papel. A demora mantém 15 mil famílias em incerteza jurídica, segundo estimativas do Consulado do Brasil no Porto. Enquanto isso, multas por permanência irregular chegam a € 3,2 mil – valor equivalente a três salários mínimos portugueses.


Caos burocrático: espera de 8 meses paralisa sonhos
Nos consulados brasileiros, o prazo para emissão de vistos de trabalho ou estudo atingiu 240 dias em 2024. Para quem já vendeu bens ou contraiu dívidas para emigrar, o prejuízo é devastador: 68% dos entrevistados pela FGV em julho relatam ter perdido até R$ 30 mil com passagens não reembolsáveis e aluguéis antecipados.


Via rápida para vistos de trabalho: solução ou paliativo?
Sob pressão de setores como hotelaria e construção civil – que enfrentam déficit de 120 mil trabalhadores –, Portugal lançou um novo sistema de visto expresso em 20 dias. A medida, porém, exclui categorias críticas: apenas 12% das 350 profissões em falta no país estão elegíveis, segundo o Ministério da Economia português.


O custo humano por trás das estatísticas
Para Maria Souza, pernambucana barrada em Lisboa ao tentar reencontrar o marido após 8 meses de separação, os números têm rosto: "Vendi minha casa para pagar a viagem. Agora estou sem lar aqui e no Brasil". Casos como o dela representam 22% das recusas, de acordo com a Defensoria Pública da União Europeia.


Um alerta para futuros migrantes
Especialistas recomendam: 1) Obter visto específico antes da viagem; 2) Contratar assessoria migratória certificada; 3) Evitar voos sem comprovantes de reservas ou contratos. Como alerta o embaixador Carlos Alberto França: "A ilegalidade não é risco – é certeza de deportação. Planejar é o único caminho seguro". Enquanto isso, o sonho europeu de milhares de brasileiros segue suspenso entre a burocracia e a esperança.

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