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Dilma Rousseff inicia novo mandato no Banco do Brics

Publicado em: 23/03/2025

Dilma Rousseff inicia novo mandato no Banco do Brics
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Dilma Rousseff inicia novo mandato no Banco do Brics em meio a desafios e pressões globais


A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, confirmou neste domingo (data atual) sua reeleição para comandar a instituição financeira dos Brics, sediada em Xangai, após indicação do presidente russo Vladimir Putin e articulação do governo Lula. O anúncio ocorreu durante o Fórum de Desenvolvimento da China, em Pequim, evento que reuniu líderes como o primeiro-ministro Li Qiang e CEOs globais, incluindo Tim Cook (Apple) e Ola Källenius (Mercedes-Benz), em um contexto de tensões geopolíticas e incertezas econômicas.


A ex-presidente brasileira, que recentemente enfrentou uma internação de uma semana por neurite vestibular — condição que descreveu como "incapacitante" e comparável a "ser jogada ao chão" —, chegou ao evento defendendo sua gestão no NDB. A instituição, criada para financiar projetos sustentáveis e infraestrutura em economias emergentes, enfrenta críticas por metas atrasadas e denúncias de assédio moral, conforme revelado por reportagem do jornal Folha de S.Paulo. Questionada sobre o tema, Dilma evitou comentar: "Não vi. Não quero [comentar]", mas fez alusão a uma polêmica de 2009 envolvendo a reprodução de uma "ficha falsa" pela própria Folha, que posteriormente reconheceu erros na publicação.


Em meio a pressões sobre sua liderança, Dilma criticou gestões anteriores no NDB, sem citar nomes, por uma paralisia de 16 meses na captação de empréstimos durante um período de juros historicamente baixos: "Quando você não tem liquidez, não investe. Foi grave, mas superamos: fomos 40 vezes ao mercado". O comentário ressalta os desafios de uma instituição que, em 2024, busca consolidar sua relevância em um cenário global marcado por altas taxas de juros e rivalidade estratégica entre EUA e China.


Cenário global e tensões comerciais
O Fórum de Pequim serviu como palco para debates sobre o futuro da economia mundial. Em seu discurso, Li Qiang defendeu a abertura comercial da China, criticando indiretamente a política de "lei da selva" associada à era Trump e destacando iniciativas locais, como o avanço em inteligência artificial (DeepSeek), robótica (Unitree) e veículos elétricos. A postura reflete a tentativa chinesa de se apresentar como estabilizadora em meio a crises geopolíticas, como a guerra na Ucrânia e as restrições tecnológicas ocidentais.


Executivos globais, como Cristiano Amon (Qualcomm), reforçaram a importância de "entender a direção econômica chinesa", enquanto Källenius (Mercedes) destacou investimentos no país, mesmo com a concorrência acirrada em eletrificação. A presença de Dilma ao lado de figuras como Cook simboliza o peso geopolítico do Brics, ainda que o banco enfrente desafios operacionais e questionamentos sobre sua eficácia.


Saúde, legado e resistência
Além dos embates políticos, Dilma enfrenta questões pessoais. Sua recente hospitalização por complicações vestibulares — que a deixou afastada do cargo temporariamente — levantou especulações sobre sua capacidade de gerir uma instituição multilateral sob pressão. Sua resposta foi enfática: "Estou recuperada. É um vírus que você só espera morrer".


A trajetória de Dilma, marcada por impeachment, acusações de autoritarismo e agora pela reinserção internacional, reflete a complexidade de um momento em que instituições como o NDB precisam provar seu valor em meio a crises de credibilidade e um mundo fragmentado. Seu novo mandato, portanto, não é apenas um teste de resiliência pessoal, mas um termômetro para o futuro do multilateralismo em tempos de incerteza.

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