Publicado em: 03/04/2025
Sanções como catalisador: a reinvenção forçada da indústria chinesa
Proibida de importar equipamentos de ponta desde 2022, a China viu sua participação no mercado global de semicondutores cair de 9% para 5,4% em dois anos (Statista, 2024). A resposta veio do professor Zhao Yongpeng e sua equipe, que redesenharam o processo de geração de luz laser EUV – etapa vital para chips abaixo de 3 nm. "É como criar um motor de foguete com peças de bicicleta", compara o analista de defesa Li Wei.
Risco global: a nova corrida armamentista tecnológica
A escalada tem efeitos colaterais perigosos. A lista negra dos EUA já atinge 1.214 empresas chinesas, incluindo 84% dos fornecedores de inteligência artificial militar. Paralelamente, a China reduz importações de chips em 18% no primeiro semestre de 2024, pressionando gigantes como NVIDIA, que perdeu US$ 4,2 bilhões em vendas. "Estamos testemunhando a fragmentação da cadeia global de inovação", alerta Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial.
O preço da autossuficiência: eficiência versus soberania
A nova tecnologia chinesa, embora 37% mais lenta que a ASML, elimina a dependência de espelhos alemães e lasers suecos. O problema é a escala: mesmo com produção máxima, a China só atingirá 12% da demanda interna de chips avançados até 2026 (Bloomberg Intelligence). Enquanto isso, fabricantes como SMIC acumulam prejuízos de US$ 2,1 bilhões em 2024, subsidiados pelo governo.
Lições da história: quando a ameaça gera revolução
A situação ecoa a queda da Nokia em 2007, que subestimou o iPhone. Hoje, a ASML enfrenta seu "momento Nokia": enquanto se agarra a patentes expirando em 2025, a China avança em fotolitografia hibrida. Para o economista Zhang Ming, "sanções excessivas aceleraram em 10 anos o que seria evolução natural". O resultado? Um mercado bipolarizado, onde Ocidente e China trilharão rotas tecnológicas irreconciliáveis.
Alerta estratégico: o mundo pós-globalização tecnológica
Com 78% dos países em desenvolvimento obrigados a escolher lados na guerra dos chips, according to MIT Technology Review, a inovação tornou-se arma geopolítica. A pergunta que permanece: até que ponto a fragmentação tecnológica alimentará conflitos, ou forçará um novo pacto global? Enquanto isso, a corrida por chips menores que um vírus (2 nm) redefine não apenas gadgets, mas o equilíbrio de poder do século XXI.