Publicado em: 15/04/2025
O labirinto das negociações para uma trégua temporária na Faixa de Gaza ganhou mais um corredor nesta segunda-feira (14). Israel, através da mediação egípcia, apresentou ao Hamas uma nova proposta na tentativa de interromper o ciclo de violência. Contudo, uma das exigências israelenses para um cessar-fogo definitivo acendeu a luz vermelha para o grupo palestino: o desarmamento do Hamas e de outras facções armadas, considerado uma violação de suas "linhas vermelhas".
A mais recente oferta israelense sinaliza a disposição de libertar metade dos reféns detidos pelo Hamas já na primeira semana após um eventual acordo. Em contrapartida, seria implementado um cessar-fogo de pelo menos 45 dias, acompanhado da crucial entrada de ajuda humanitária no território palestino. Apesar do aceno de trégua, a condição de entregar as armas da "resistência" foi sumariamente rejeitada pelo Hamas. "As armas da resistência não são objeto de negociação", cravou um porta-voz do movimento à agência AFP, demonstrando a delicadeza do ponto de discórdia.
No Cairo, uma delegação do Hamas se encontra em diálogo com autoridades do Egito e do Catar, sob a vigilância mediadora dos Estados Unidos, na busca por um caminho que conduza a um cessar-fogo.
Horas antes, um dirigente do Hamas, Taher al-Nounou, havia manifestado a abertura do grupo para libertar todos os reféns israelenses, desde que Israel oferecesse garantias sólidas de um fim definitivo das hostilidades. Ele acusou o governo israelense de obstruir o progresso nas negociações, asseverando que "o problema não é o número de reféns, mas o fato de Israel estar voltando atrás em seus compromissos e bloqueando a implementação do cessar-fogo".
A primeira fase de uma trégua anterior, ocorrida entre 19 de janeiro e 17 de março, resultou na libertação de 33 reféns (oito deles já sem vida) em troca da soltura de aproximadamente 1.800 prisioneiros palestinos por Israel. As atuais tratativas esbarram, principalmente, na divergência sobre a quantidade de reféns que o Hamas estaria disposto a libertar.
O conflito, que deflagrou em 7 de outubro de 2023 com o ataque sem precedentes do Hamas ao sul de Israel, ceifou a vida de 1.218 pessoas, majoritariamente civis, conforme dados oficiais israelenses compilados pela AFP. Dos 251 sequestrados naquele fatídico dia, 58 permanecem em cativeiro em Gaza, com 34 deles já considerados mortos pelo exército israelense.
No último domingo (14), o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas reportou que ao menos 1.574 palestinos perderam a vida desde a retomada das operações militares israelenses em 18 de março. Desde o início da ofensiva israelense, há 18 meses, o número total de fatalidades na Faixa de Gaza atingiu a marca de 50.944, de acordo com o órgão. O cenário permanece tenso, com a busca por um acordo de trégua enfrentando obstáculos significativos.