Incêndios na Coreia do Sul: tragédia humana e ambiental em meio à crise política - Pagenews

Incêndios na Coreia do Sul: tragédia humana e ambiental em meio à crise política

Publicado em: 23/03/2025

Incêndios na Coreia do Sul: tragédia humana e ambiental em meio à crise política
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Incêndios na Coreia do Sul: tragédia humana e ambiental em meio à crise política
Os incêndios florestais que devastam a Coreia do Sul desde sexta-feira já deixaram quatro mortos, seis feridos graves e mais de 1.500 desabrigados, em um cenário que mistura emergência climática e instabilidade institucional. O governo declarou estado de desastre natural em três províncias do sudeste do país, incluindo Ulsan — cidade de 1,1 milhão de habitantes ameaçada pelas chamas —, enquanto bombeiros lutam contra 16 focos ativos alimentados por ventos de até 70 km/h.


O custo humano e ambiental


Entre as vítimas estão dois civis e dois bombeiros, encontrados sem vida em Sancheong, região onde as chamas consumiram 3.290 hectares (equivalente a 4.500 campos de futebol) em menos de 48 horas. Dos seis feridos, cinco estão em estado grave, segundo a Agência Nacional de Gestão de Emergências. Apesar dos esforços, apenas 25% do incêndio em Sancheong estava controlado no sábado à noite, com centenas de profissionais e dezenas de veículos ainda mobilizados para conter o avanço.


Os dados de 2023 do Global Forest Watch revelam que a Coreia do Sul registrou um aumento de 40% em queimadas em comparação com a década anterior, reflexo de temperaturas médias 2,3°C mais altas no inverno, segundo o Instituto Meteorológico Nacional.


Crise política e desastre natural: uma combinação perigosa


As chamas se alastram em um momento crítico para o país: a destituição do presidente Yoon Suk-yeol, em meio a acusações de abuso de poder, paralisa decisões estratégicas. Especialistas alertam que a falta de coordenação governamental pode agravar a resposta a desastres. "Catástrofes como essa exigem liderança unificada. A instabilidade política deixa o país vulnerável", afirma Lee Min-ho, analista de risco climático da Universidade de Seul.


A declaração de estado de desastre nas províncias de Gyeongsang do Norte, Gyeongsang do Sul e Ulsan permite a liberação de fundos emergenciais, mas a população cobra ações mais ágeis. "Minha casa foi engolida em minutos. Precisamos de ajuda real, não só de promessas", desabafa Kim Ji-young, moradora de Sancheong.


Alerta global: o colapso ambiental não espera


O caso sul-coreano ecoa um padrão global. Relatório da ONU (2024) alerta que incêndios florestais extremos aumentarão 30% até 2050 devido às mudanças climáticas. Enquanto isso, a Coreia do Sul enfrenta um dilema: como salvar vidas e ecossistemas em um cenário de polarização política e aquecimento acelerado?


Para as vítimas, porém, o tempo é agora. "Perdi tudo, mas o pior foi ver a natureza que eu amava virar cinza", lamenta Park Hyun-sik, agricultor de Ulsan. A tragédia expõe não apenas a urgência climática, mas a necessidade de governos estáveis para enfrentá-la — uma lição que o mundo precisa aprender antes que mais vidas sejam consumidas pelo fogo.

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