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Japão apresenta primeira bateria recarregável do mundo com urânio

Publicado em: 04/04/2025

Japão apresenta primeira bateria recarregável do mundo com urânio
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Japão apresenta primeira bateria recarregável do mundo com urânio
Pesquisadores japoneses atingiram um marco histórico no setor de energias renováveis ao desenvolver a primeira bateria recarregável de urânio do mundo. Revelado em 2023, o projeto liderado pela Agência de Energia Atômica do Japão (JAEA) utiliza urânio empobrecido — subproduto da indústria nuclear — para criar uma fonte de energia inovadora. Em um contexto global onde a demanda por soluções sustentáveis é urgente, a iniciativa surge como uma alternativa potencial para reduzir resíduos radioativos e diversificar o armazenamento energético. Apesar do otimismo, especialistas alertam para os desafios inerentes ao uso de materiais nucleares, mesmo em versões menos radioativas.


Como funciona a bateria de urânio?
O protótipo, com 10 cm de largura e 5 cm de altura, opera com um eletrólito de urânio no polo negativo e outro de ferro no positivo, gerando 1,3 V — equivalente a uma pilha alcalina comum. Durante os ciclos de carga e descarga, a bateria manteve 80% de eficiência após 10 testes, indicando durabilidade preliminar. O urânio empobrecido, menos radioativo que o natural, é reaproveitado de rejeitos do enriquecimento nuclear, transformando um passivo ambiental em recurso estratégico. A tecnologia, porém, exige ambientes controlados para minimizar riscos de exposição à radiação residual.


Possibilidades de uso para a tecnologia
Além de integrar redes de energia renovável, equilibrando a intermitência de fontes como solar e eólica, a bateria pode operar em locais com radiação controlada, como usinas nucleares e centros de pesquisa. A JAEA investiga células de fluxo redox para ampliar capacidade e eficiência, visando aplicações em larga escala até 2030. Se bem-sucedida, a inovação ajudaria na descarbonização de setores industriais e na redução de estoques globais de urânio empobrecido, hoje estimados em 1,5 milhão de toneladas.


Desafios e considerações futuras
A segurança é o principal obstáculo. Mesmo com baixa radioatividade, o manuseio exige protocolos rígidos, limitando o uso a ambientes especializados. A aceitação pública também é incerta, dada a desconfiança histórica em tecnologias nucleares. Regulamentações internacionais, como as da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), precisarão ser adaptadas para viabilizar a comercialização. Paralelamente, pesquisas buscam reduzir custos e aumentar a vida útil das baterias, hoje inferior a modelos convencionais.


O futuro das baterias recarregáveis
A inovação japonesa pode revolucionar o armazenamento de energia, transformando rejeitos nucleares em aliados da transição energética. No entanto, seu sucesso dependerá de avanços técnicos, investimentos contínuos e diálogo transparente com a sociedade. Enquanto o mundo busca reduzir emissões e lidar com crises climáticas, soluções como esta destacam a complexa dualidade entre risco e oportunidade no uso de tecnologias nucleares. O próximo passo será testar a bateria em condições reais, um marco previsto para os próximos cinco anos.

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