Publicado em: 30/03/2025
Ceticismo no Front:
Enquanto o presidente americano, Donald Trump, e o líder russo, Vladimir Putin, negociam um cessar-fogo parcial – com Kiev praticamente em segundo plano –, os militares ucranianos mantêm uma postura cética. Maksim Altair Holubok, chefe do Estado-Maior da 13ª Brigada em Khartia, argumenta que nenhum acordo traria mudança efetiva no terreno, comparando a proposta a uma imposição absurda – como se um vizinho exigisse que você entregasse parte do seu território e desarmasse suas defesas. Segundo ele, qualquer cessar-fogo parcial se configura apenas como um intervalo para o inimigo se rearmar e voltar com força renovada.
Orientações no Campo e Impacto das Negociações: Em meio a esse clima de incerteza, oficiais da Brigada Khartia orientam seus soldados a manterem o foco, evitando as distrações provocadas pelas notícias negativas e o uso excessivo das redes sociais, enfatizando que o preparo físico é vital para não perder o ritmo da batalha. Do lado da 68ª Brigada, em Pokrovsk, o paramédico Andrii ressalta que, mesmo com as negociações, os drones FPVs e as bombas guiadas (KABs) continuam a marcar presença no conflito, evidenciando a atualidade e a gravidade da situação.
Decisões Políticas e Dependência Tecnológica: No âmbito político, decisões que oscilam entre a suspensão e a retomada do compartilhamento de inteligência – medida imposta por Trump após divergências com Zelenski no Salão Oval – demonstram como o apoio externo é decisivo para a defesa ucraniana. A proteção antiaérea fornecida pelos EUA tem sido crucial para impedir que mísseis e drones russos atinjam áreas civis, enquanto o sistema Starlink, considerado por Elon Musk como “a espinha dorsal do Exército ucraniano”, sustenta operações vitais, evidenciando uma dependência tecnológica que, apesar das tentativas de alternativas como a da francesa Eutelsat, ainda não encontra substituto à altura.
Resiliência e Desafios no Combate: No terreno, a rotina dos soldados de infantaria é marcada por desafios extremos, vivendo em tocas de raposa – improvisados que substituíram as trincheiras tradicionais – onde o tempo ideal de rotação é de cinco dias, mas a realidade, agravada pela ameaça constante dos drones, obriga muitos a permanecerem até um mês nesses espaços claustrofóbicos. O comandante Milka, da 68ª Brigada, descreve com crueza as condições insuportáveis desses abrigos, onde a falta de espaço obriga os soldados a usar sacos plásticos para necessidades básicas e a manter a comida rigorosamente vedada contra a presença de ratos. Durante a noite, drones Vampire fazem entregas essenciais de água, mantimentos, munição e até cigarros, ressaltando que, em meio a tantos desafios, a prioridade é garantir a sobrevivência dos combatentes. Embora um cessar-fogo parcial seja desejado, o otimismo é mínimo, pois a ameaça de uma reestruturação dos ataques inimigos persiste, deixando claro que a complexidade e a urgência das decisões estratégicas se fazem sentir a cada instante.