O cérebro chega a acreditar na linguagem de Game Og Thrones como real - Pagenews

O cérebro chega a acreditar na linguagem de Game Og Thrones como real

Publicado em: 23/03/2025

O cérebro chega a acreditar na linguagem de Game Og Thrones como real
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Línguas fictícias como as de Game of Thrones revelam crise silenciosa na forma como o cérebro lida com a extinção de idiomas
Estudo do MIT alerta para a urgência de preservar a diversidade linguística em um mundo onde 30% das línguas podem desaparecer até 2100


Neurocientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) descobriram que línguas artificiais, como o alto valiriano (de Game of Thrones) e o klingon (de Star Trek), ativam as mesmas redes neurais que idiomas nativos. Publicado na renomada PNAS em 4 de janeiro de 2025, o estudo revela uma ironia preocupante: enquanto o cérebro humano é capaz de processar línguas inventadas com a mesma sofisticação que idiomas reais, uma língua natural desaparece a cada 40 dias, segundo a UNESCO (2024).


A pesquisa, que analisou ressonâncias magnéticas de falantes de conlangs (línguas construídas), como o esperanto, mostrou que regiões como o giro frontal inferior e o córtex temporal – cruciais para o processamento linguístico – respondem de forma idêntica a idiomas naturais. "Isso prova que a capacidade cerebral de assimilar sistemas complexos de comunicação é universal, mas não estamos usando esse potencial para salvar línguas ameaçadas", critica a Dra. Elisa Ferreira, coautora do estudo.


O paradoxo ganha gravidade diante de dados alarmantes: das 7.000 línguas existentes no mundo40% estão em risco de extinção, muitas faladas por menos de 1.000 pessoas. No Brasil, 190 línguas indígenas estão ameaçadas, conforme o Instituto Socioambiental (2023). Enquanto isso, o alto valiriano – uma conlang criada para entretenimento – tem mais de 500 mil aprendizes ativos em plataformas como Duolingo, segundo relatório da empresa (2024).


Por que isso é urgente?




  • Perda cultural: Cada língua extinta leva consigo saberes ancestrais e visões de mundo únicas.




  • Saúde cognitiva: Estudos vinculam o bilinguismo a menor risco de demência – redução de até 50%, conforme a Journal of Neurology (2023).




"O cérebro não distingue entre línguas ‘reais’ ou ‘fictícias’, mas nossa sociedade trata idiomas minoritários como descartáveis", alerta Ferreira. Enquanto investimos em universos ficcionais, urge políticas para preservar a riqueza linguística real – um desafio que, como mostra a ciência, está literalmente em nossas mentes.

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