Publicado em: 11/05/2025
Putin diz que Rússia está pronta para “conversas diretas” com a Ucrânia
Em meio à intensificação da pressão internacional, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a Rússia está “determinada” a iniciar negociações sérias com a Ucrânia, propondo conversas diretas já na próxima quinta-feira, 15 de maio, em Istambul. A declaração ocorre enquanto a guerra, que já dura mais de três anos, segue provocando destruição e instabilidade na região, além de causar repercussões econômicas e humanitárias globais.
Pressão internacional e proposta de cessar-fogo
A proposta de Putin surge pouco após líderes da Alemanha, França, Reino Unido e Polônia exigirem um cessar-fogo imediato de 30 dias, com início previsto para segunda-feira, 12 de maio. O apelo europeu, respaldado pelos Estados Unidos em uma ligação conjunta com o ex-presidente Donald Trump, foi acompanhado da ameaça de sanções econômicas “massivas”, segundo o presidente francês Emmanuel Macron.
No entanto, a resposta inicial do Kremlin foi de firme resistência. O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, declarou que “a Europa está, na verdade, nos confrontando de forma muito aberta” e reafirmou que a Rússia não cederá a pressões externas. Peskov reiterou que Putin não se opõe à ideia de um cessar-fogo amplo, mas ressaltou que “há muitas perguntas” sobre os termos da proposta ocidental que ainda precisam ser esclarecidas.
Retomada das negociações e expectativas
Durante pronunciamento televisionado neste sábado (10), Putin reforçou o desejo de iniciar as negociações “sem quaisquer pré-condições”, destacando a importância de se discutir as “causas profundas do conflito” e a necessidade de alcançar uma “paz duradoura e de longo prazo”. O presidente russo frisou ainda que não se trata de abrir caminho para uma nova escalada militar após um período de rearmamento ucraniano, mas de dar o primeiro passo rumo a uma solução concreta.
A última tentativa de diálogo direto entre Rússia e Ucrânia aconteceu no início de 2022, pouco depois da invasão russa. Desde então, as relações diplomáticas foram praticamente congeladas. A recente proposta de Putin representa uma rara abertura em um cenário marcado pela desconfiança mútua e escaladas militares.
Cautela e diplomacia incerta
Nos últimos dois meses, a Ucrânia vem insistindo em um cessar-fogo imediato de 30 dias — proposta apoiada por seus principais aliados europeus e pelos Estados Unidos. Apesar disso, Moscou tem mantido uma postura ambígua: embora diga apoiar a ideia em princípio, insiste em discutir as tais “nuances” que, até o momento, não foram claramente especificadas.
Putin negou que Moscou tenha se recusado ao diálogo e afirmou que “a decisão agora cabe às autoridades ucranianas”. Ele também revelou que conversaria com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sobre os próximos passos das negociações.
Um conflito com impactos globais
O prolongamento da guerra tem custado milhares de vidas, deslocado milhões de civis e alimentado uma crise energética e alimentar global. Diante desse cenário alarmante, a retomada de conversas diretas pode representar uma oportunidade real — embora frágil — para reverter parte dos danos provocados até aqui. Ainda assim, a comunidade internacional permanece em alerta, ciente de que qualquer passo rumo à paz exigirá concessões difíceis e um comprometimento genuíno de ambas as partes.