Repatriações sob Trump em 2025: Crise Humanitária e o Papel Sombrio da IA - Pagenews

Repatriações sob Trump em 2025: Crise Humanitária e o Papel Sombrio da IA

Publicado em: 16/03/2025

Repatriações sob Trump em 2025: Crise Humanitária e o Papel Sombrio da IA
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Repatriações sob Trump em 2025: Crise Humanitária e o Papel Sombrio da IA


 


Neste sábado, 15 de fevereiro de 2025, mais 135 brasileiros deportados dos Estados Unidos desembarcaram em solo nacional, marcando o quarto voo de repatriação desde o início do ano. A bordo de uma aeronave da Força Aérea Brasileira, o grupo passou por Fortaleza antes de seguir para Belo Horizonte, em um esforço para reduzir o tempo em que os repatriados permanecem algemados — uma medida emergencial após as denúncias de tratamento desumano durante os voos anteriores, que acirraram tensões diplomáticas entre Brasil e EUA.


 


Contexto Grave:
Desde sua reeleição em 2024, Donald Trump intensificou a política de deportações em massa, visando os estimados 11 milhões de imigrantes irregulares nos EUA. Desse total, 230 mil são brasileiros, dos quais 38 mil já têm ordens de deportação irrevogáveis, segundo dados do Departamento de Segurança Interna americano. Para acelerar o processo, o governo dos EUA passou a empregar sistemas de IA avançada em vigilância migratória, incluindo reconhecimento facial integrado a bancos de dados globais e algoritmos preditivos para identificar "riscos de imigração ilegal". Tecnologias que, segundo relatórios da Human Rights Watch (fevereiro/2025), aumentaram em 40% as deportações de latino-americanos nos últimos 12 meses.


Algemas e Humilhação:
A decisão de incluir Fortaleza como escala obrigatória surgiu após a comoção internacional com as imagens de brasileiros algemados em solo nacional durante o primeiro voo de 2025. As algemas, agora removidas no Ceará, simbolizam uma tentativa frágil de preservar a dignidade dos repatriados. Entretanto, o trauma persiste: José Maria Ferreira da Costa, detido por quatro meses no Texas, descreveu condições "próximas da tortura" em centros de detenção americanos. "Fome, frio e humilhação diária. Nenhum ser humano deveria passar por isso", declarou, visivelmente abalado, em Confins.


IA: Entre a Eficiência e a Desumanização:
Enquanto o Brasil mobiliza ministérios e equipes multidisciplinares para auxiliar os repatriados — incluindo apoio psicológico e logístico —, os EUA recorrem a ferramentas de IA cada vez mais invasivas. Em janeiro de 2025, a GeoIA, um sistema de monitoramento geopolítico, revelou que o governo Trump utiliza drones autônomos com sensores térmicos na fronteira com o México, capazes de detectar movimentos humanos a 15 km de distância. Além disso, relatórios do MIT Technology Review alertam para o uso de avaliações automatizadas de "periculosidade" baseadas em histórico de buscas na internet e padrões de comportamento, muitas vezes enviesadas contra minorias.


Os Dois Lados da Moeda:
Dos 498 repatriados em 2025, dois foram presos pela Polícia Federal ainda em Fortaleza: um por homicídio e outro por evasão penal. Apesar disso, a maioria é composta por famílias que buscavam oportunidades extintas pelo cerco anti-imigratório. O governo brasileiro, embora critique publicamente as práticas americanas, mantém acordos para reduzir o tempo de detenção de seus cidadãos, agora processados em centros onde sistemas de IA aceleram triagens sem garantias de defesa justa.


 


Conclusão:
Enquanto o mundo avança tecnologicamente, a crise migratória expõe o dilema ético do uso da IA. Se, por um lado, o Brasil tenta mitigar danos com assistência humanitária, por outro, os algoritmos de vigilância massiva dos EUA aprofundam ciclos de exclusão e violência. Em fevereiro de 2025, as deportações não são apenas um reflexo de políticas anti-imigração, mas um alerta sobre como a tecnologia pode servir a sistemas de opressão — muitas vezes, sob o disfarce da eficiência.

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