Publicado em: 23/03/2025
Cidades milenares em risco: preservar Jericó e Ur é urgente em meio a conflitos e mudanças climáticas
Patrimônios da humanidade enfrentam ameaças que exigem ação global; conheça os dados e desafios
Jericó, na Palestina, reconhecida como a cidade mais antiga do mundo com 10 mil anos, e Ur, no Iraque (6 mil anos), são testemunhas silenciosas da ascensão e queda de civilizações. No entanto, esses sítios arqueológicos, junto a Damasco (Síria) e Beirute (Líbano), enfrentam riscos críticos em 2024:
Jericó sofre com a expansão urbana descontrolada e tensões geopolíticas — apenas 35% de suas ruínas originais estão preservadas, segundo a UNESCO;
Ur, berço da escrita cuneiforme, está ameaçada pela erosão e saques: 18% de seu acervo foi perdido na última década (Relatório Global de Patrimônio, 2023);
Damasco, habitada há 5 mil anos, enfrenta danos irreparáveis após uma década de guerra civil: 43% de sua Cidade Velha foi destruída (ONU, 2023).
Dados que alarmam:
O Oriente Médio, que abriga 60% dos sítios históricos globais, concentra 70% dos patrimônios em risco (World Monuments Fund, 2024);
Mudanças climáticas aceleram a degradação: secas extremas no Iraque aumentaram a salinidade do solo em Ur em 27% desde 2020, corroendo estruturas milenares (IPCC, 2023).
Por que importa?
Essas cidades não são apenas relíquias, mas arquivos vivos da humanidade. Em Ur, tábuas de argila revelam os primeiros sistemas legais; em Jericó, muralhas de 8.000 a.C. mostram técnicas pioneiras de engenharia. Perdê-las seria apagar capítulos inteiros de nossa história coletiva.
Esforços em curso (e lacunas):
Projetos como o "Resgate de Ur", financiado pela União Europeia, buscam estabilizar estruturas com tecnologia 3D, mas recebem apenas 12% do orçamento necessário. Na Palestina, arqueólogos locais mapeiam Jericó com drones, porém enfrentam restrições de acesso devido ao conflito Israel-Hamas.
Um apelo à ação:
Organizações como a UNESCO defendem tratados internacionais para proteger sítios em zonas de conflito. Para o historiador iraquiano Ahmed Al-Moussawi, "preservar Ur é também reconstruir a identidade de um povo devastado por guerras". Enquanto isso, iniciativas de turismo sustentável em Jericó geram empregos, mas atraem apenas 7.200 visitantes/ano — número ínfimo frente ao potencial.
O legado que deixaremos:
Em um mundo polarizado, cuidar dessas cidades é um lembrete de que a humanidade compartilha raízes comuns. Como alerta a arqueóloga espanhola Laura Díaz: "Sem passado, não há futuro. Estamos todos na mesma jornada — e o tempo está se esgotando".