Publicado em: 28/03/2025
Terremoto de 7,7 em Mianmar: crise humanitária se agrava em meio à guerra civil
Um terremoto de magnitude 7,7 sacudiu o centro de Mianmar nesta sexta-feira (28), seguido por um tremor secundário de 6,4, ampliando o caos em um país já devastado por três anos de guerra civil. O epicentro, a 16 km de Sagaing, afetou uma região onde 1,3 milhão de pessoas vivem em campos de deslocados, segundo a ONU. A combinação de conflitos armados e desastre natural cria um cenário de resgate quase impossível, com estradas críticas destruídas e hospitais superlotados operando a 30% da capacidade.
Impactos imediatos: pontes desabam e construções colapsam
A Ponte Velha de Sagaing, vital para o transporte de ajuda humanitária, desmoronou no Rio Irauádi, isolando comunidades já vulneráveis. Na Tailândia, um prédio em construção desabou em Bangkok, matando uma pessoa e ferindo 50. Dados preliminares do USGS indicam que 12 milhões de pessoas em Mianmar e 8 milhões na Tailândia sentiram tremores fortes, com danos estimados em US$ 2,8 bilhões. Nas redes sociais, vídeos mostram paredes rachadas em Chiang Mai e residentes de Yunnan (China) relatando rachaduras em edifícios antigos.
Alerta regional: tremores abalam 4 países e expõem falhas estruturais
Os efeitos chegaram a Laos e Vietnã, onde 17 prédios históricos em Hanói apresentaram danos. Na Tailândia, 40% das construções em zonas afetadas não seguem padrões anti-sísmicos, revela relatório de 2023 do Banco Asiático de Desenvolvimento. O terremoto ocorre em uma falha geológica ativa que já causou 12 abalos acima de 7,0 desde 1900, incluindo o de 2011 na Tailândia (6,8), que matou 82 pessoas.
Resposta de emergência: desafios logísticos e geopolíticos
A primeira-ministra tailandesa Paetongtarn Shinawatra interrompeu agenda em Phuket para coordenar operações, mas a ajuda a Mianmar enfrenta barreiras: o regime militar local restringe acesso a ONGs desde o golpe de 2021. A Cruz Vermelha Internacional alerta para risco de epidemias, com 600 mil desabrigados sem acesso a água potável. Enquanto isso, a China mobilizou equipes de resgate na fronteira, mas evita entrar oficialmente no país para não legitimar a junta militar.
Lições urgentes: preparação para desastres em zonas de conflito
O evento expõe a falta de protocolos internacionais para desastres em áreas de guerra. Segundo a ONU, apenas 15% dos fundos para risco sísmico em Mianmar foram aplicados desde 2020 devido à instabilidade política. Para especialistas, a tragédia reforça a necessidade de corredores humanitários neutros – proposta até agora ignorada pelo Conselho de Segurança. Enquanto o mundo debate, milhares seguem sob escombros em uma corrida contra o tempo que já começou perdida.