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Tráfego aéreo europeu ultrapassa níveis pré-pandemia

Publicado em: 05/05/2025

Tráfego aéreo europeu ultrapassa níveis pré-pandemia
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Tráfego aéreo europeu ultrapassa níveis pré-pandemia, mas alertas acendem sinais de risco
O tráfego aéreo de passageiros na Europa registrou crescimento de 4,3% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, superando em 3,2% os índices pré-pandemia. Os dados, divulgados nesta segunda-feira (6) pela ACI Europe, revelam uma recuperação marcante, porém acompanhada de desafios estruturais e incertezas econômicas que ameaçam a sustentabilidade do setor.


Viagens internacionais impulsionam crescimento, mas mercado doméstico segue fragilizado
O avanço foi puxado exclusivamente por voos internacionais, que cresceram 5,7% no trimestre. Em comparação a 2019, o tráfego entre países já está 8,9% acima, enquanto o doméstico permanece 12,8% abaixo dos níveis pré-crise sanitária. A disparidade expõe a dependência do setor em relação ao turismo global e a lenta recuperação de rotas internas, afetadas por mudanças de hábito e investimentos reduzidos.


Desaceleração mensal acende alertas
Apesar do crescimento geral, o ritmo expansionista perdeu força mês a mês: de 6,9% em janeiro para 3,4% em fevereiro e 3% em março. A ACI Europe atribui parte da queda à Páscoa em abril, que pode ter deslocado parte da demanda, mas reforça que a tendência reflete pressões macroeconômicas e instabilidade geopolítica.


Ameaças transatlânticas e tensões comerciais preocupam
Olivier Jankovec, diretor-geral da ACI Europe, alertou para o enfraquecimento da demanda em rotas transatlânticas e a possibilidade de realocação de voos para outros mercados. Ele destacou riscos ligados ao cenário global, citando explicitamente o "ataque da administração Trump ao sistema de comércio multilateral" como fator capaz de comprometer a aviação no médio prazo. A declaração ressalta temores de uma nova guerra comercial e seus impactos no fluxo de passageiros.


Pressões operacionais limitam capacidade de resposta
Além dos desafios externos, o setor enfrenta gargalos internos: atrasos na entrega e manutenção de aeronaves, infraestrutura aeroportuária insuficiente e a estratégia das companhias de priorizar receitas sobre a expansão de rotas. Esses fatores limitam a capacidade de aproveitar plenamente a demanda, gerando custos adicionais e riscos de saturação.


Disparidades regionais marcam recuperação
Na UE, o crescimento médio foi de 4,1%, mas com contrastes brutais: Eslováquia (+15,9%), Polônia (+15,4%) e Hungria (+14,7%) lideraram a alta, enquanto Islândia (-2,5%) e Suécia (-2,2%) retrocederam. Entre os grandes mercados, Itália (+6,6%) e Espanha (+4,5%) se destacaram, mas Alemanha e Áustria (+1,1%) patinaram, refletindo desigualdades econômicas e estratégias nacionais divergentes.


Enquanto os números celebram uma recuperação técnica, a convergência de fatores políticos, operacionais e econômicos sugere que o setor enfrentará ventos turbulentos antes de consolidar um crescimento estável. A capacidade de adaptação aos novos riscos globais definirá o futuro da aviação europeia.

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