Publicado em: 26/03/2025
Trump minimiza vazamento de segredos militares em meio a riscos geopolíticos
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump classificou como "a única falha em dois meses [de governo]" o vazamento de detalhes sigilosos sobre um plano de bombardeio contra rebeldes houthis no Iêmen, discutido em um grupo de mensagens do aplicativo Signal que incluía um jornalista. Em entrevista à NBC News, Trump insistiu que o episódio "não foi nada sério", defendendo seu conselheiro de segurança nacional, Michael Waltz, e afirmando que ele "aprendeu a lição". A declaração contrasta com a gravidade das informações expostas: coordenadas, horários de ataque e estratégias militares que, segundo o editor-chefe da The Atlantic, Jeffrey Goldberg, poderiam ter sido usadas por adversários dos EUA para "prejudicar o pessoal militar e de inteligência".
Crise de segurança e ataques à imprensa
Goldberg, descrito por Trump como "completamente depravado", obteve acesso ao grupo "Houthi PC small group" no Signal — plataforma conhecida por criptografia avançada, mas que falhou em conter o vazamento. Entre os participantes estavam nomes como Susie Wiles (chefe de gabinete), Stephen Miller (conselheiro de segurança) e autoridades como a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, e o diretor da CIA, John Ratcliffe. Em depoimento ao Comitê de Inteligência do Senado, ambos negaram vazamentos sensíveis, mas parlamentares democratas pressionam por uma auditoria. Enquanto isso, o líder republicano John Thune defendeu revisar o uso do Signal por autoridades, sinalizando preocupação bipartidária.
Imprudência ou falha sistêmica?
O caso expõe riscos da comunicação digital em governos: Goldberg relatou que recebeu um "gotejamento intravenoso de informações" sem precedentes, incluindo discussões que antecederam bombardeios confirmados posteriormente. A reportagem detalha como Waltz adicionou o jornalista ao grupo, onde mensagens sigilosas fluíram por semanas. Trump, porém, seguiu desdenhando: "Não sou muito fã da The Atlantic. Para mim é uma revista que está saindo do mercado", declarou, mesmo após a confirmação pública dos ataques.
Entre a negação e a realidade
A investigação em curso tenta identificar como o acesso foi concedido, mas a postura de Trump revela um padrão de subestimar crises — prática que, em 2023, ainda ressoa em discussões sobre transparência e segurança nacional. Enquanto o governo atual enfrenta desafios como ataques cibernéticos e espionagem, o episódio serve de alerta: até plataformas "seguras" podem falhar quando combinadas com imprudência humana. Para Goldberg, a lição é clara: "Isso não foi um vazamento, foi negligência". Em um mundo onde conflitos como o do Iêmen seguem escalando, a segurança de dados não é apenas técnica, mas uma questão de sobrevivência estratégica.