Trump reacende tensão geopolítica com declarações sobre a Groenlândia

Trump reacende tensão geopolítica com declarações sobre a Groenlândia
Durante coletiva na Casa Branca nesta sexta-feira (28), Donald Trump afirmou que os EUA “precisam ter a Groenlândia” para garantir a “segurança global”, comparando a estratégia a decisões da Guerra Fria. A declaração ocorre durante a visita do vice-presidente JD Vance à base americana Thule, no Ártico – a primeira de um vice-presidente em exercício ao território dinamarquês.

Justificativa controversa e reações internacionais
Trump defendeu o controle sobre a região, citando a presença de navios de guerra próximos e afirmando que a Dinamarca e a UE “compreendem” sua visão. No entanto, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, rejeitou publicamente a ideia, reforçando a “soberania inegociável” da Groenlândia. Pesquisa de janeiro de 2024 do jornal Sermitsiaq mostra que 85% dos groenlandeses rejeitam anexação, com 48% classificando o interesse de Trump como “ameaça direta”.

Interesses estratégicos no Ártico em ebulição
A região ganha relevância com o degelo acelerado – a NASA alerta para redução de 12,2% na extensão de gelo marinho por década desde 1980 –, abrindo rotas comerciais e acesso a minerais raros. A base Thule, crucial para o sistema de alerta de mísseis dos EUA, simboliza a corrida geopolítica, enquanto China e Rússia ampliam investimentos na área.

Risco diplomático e precedente perigoso
A insistência de Trump, mesmo após rejeição local, ecoa sua tentativa fracassada de comprar a Groenlândia em 2019. Especialistas apontam riscos: “Isso mina alianças históricas e ignora a autonomia groenlandesa”, analisa o Instituto Ártico. Enquanto Vance afirma que a visita “fortalece parcerias”, o governo groenlandês reitera: “Não estamos à venda.”

O futuro da geopolítica em um mundo em transformação
O episódio expõe fissuras na ordem internacional: até onde potências podem pressionar territórios autônomos em nome de interesses estratégicos? Com o Ártico no centro de novas rivalidades, a resposta definirá equilíbrios globais nas próximas décadas.