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Uber encerra operações

Publicado em: 03/04/2025

Uber encerra operações
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Uber encerra operações: um sintoma da crise na economia de plataformas
A decisão da Uber de encerrar atividades em um dos maiores mercados globais em 2023 não é um incidente isolado, mas reflexo de uma crise estrutural. Com prejuízos acumulados de US$ 31,5 bilhões desde sua fundação (dados Bloomberg, 2023) e pressão de acionistas por rentabilidade, a empresa enfrenta um dilema: expandir em meio a regulações hostis ou recuar para sobreviver. O fechamento de operações em países como Alemanha e Coreia do Sul em 2022-2023 — somado à retirada da China em 2016 — expõe vulnerabilidades que ameaçam seu modelo de negócios global.


China 2016: a batalha que prenunciou o recuo global
A saída da China em 2016, após perder 90% do mercado para a Didi Chuxing em apenas dois anos, foi um alerta. A Uber gastou US2bilho~esemsubsıˊdiosparamotoristas,masarivallocal,respaldadaporgigantescomoTencenteAlibaba,controlava87 18 bilhões) foi uma estratégia de contenção de danos. O episódio revelou um padrão: em 2023, a Uber detém menos de 50% do mercado em 12 dos 72 países onde atua (Statista).


Requisitos para motoristas em 2024: portas que se fecham?
Tornar-se motorista da Uber hoje exige mais que um carro e um smartphone. Na UE, diretrizes de 2023 obrigam a empresa a reconhecer motoristas como funcionários formais, com direitos trabalhistas — o que elevou custos em 30%. No Brasil, 18 capitais já exigem licenças específicas (como o credenciamento em São Paulo, que demora 45 dias). Essas barreiras explicam a queda de 22% no número de novos motoristas globais em 2023 (Relatório Anual Uber), enquanto concorrentes locais, como o indiano Ola, crescem 11% ao ano.


Os quatro pilares dos desafios atuais da Uber




  1. Regulatório: Multas de US$ 650 milhões só na UE (2020-2023) por classificação equivocada de motoristas.




  2. Concorrência: InDriver e Bolt controlam 40% do mercado na América Latina e Europa Oriental.




  3. Tecnológico: Investimentos em veículos autônomos consumiram US$ 2,5 bilhões desde 2016, sem retorno comercial.




  4. Social: Greves de motoristas em 12 países em 2023 por tarifas baixas e condições precárias.




Sobrevivência na era pós-COVID: inovar ou perecer
A Uber Eats, responsável por 32% da receita global (1º trimestre de 2024), é uma aposta, mas enfrenta concorrentes como iFood (56% do mercado latino). Parcerias com táxis tradicionais — como a integração de 3.000 taxistas em Nova York — buscam reduzir conflitos, enquanto o Uber One (assinaturas) tenta fidelizar 18 milhões de usuários premium. A empresa caminha sobre um fio: precisa equilibrar preços acessíveis (aumentados em 14% desde 2022) com sustentabilidade. Como declarou o CEO Dara Khosrowshahi à CNBC: "Ou inovamos na mobilidade urbana, ou seremos apenas mais um app esquecido". A questão não é mais dominar mercados — é evitar desaparecer neles.

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