Publicado em: 29/05/2025
Governo admite 'alternativas' ao aumento do IOF sob forte pressão
Em meio a críticas do setor bancário, empresarial e do Congresso, o governo federal sinalizou pela primeira vez abertura para rever pontos específicos do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado na semana passada. A mudança de tom ocorre após intensa pressão, com o próprio secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, admitindo que há propostas alternativas em discussão.
Reunião tensa com grandes bancos
Nesta quarta-feira (28), o ministro Fernando Haddad recebeu os presidentes dos quatro maiores bancos do país (Itaú, Bradesco, Santander e BTG Pactual) e o líder da Febraban, Isaac Sidney, em um encontro que revelou a dimensão do descontentamento do setor financeiro. Durigan afirmou que "é natural avançar no debate sobre alternativas a itens isolados" da medida, sinalizando possíveis ajustes.
Medida polêmica e recuo parcial
O pacote de mudanças no IOF, anunciado no mesmo dia em que o governo cortou R$ 31,3 bilhões do Orçamento, causou imediata reação negativa. O primeiro recuo veio em menos de 24 horas, com a suspensão do aumento para investimentos no exterior. Porém, os principais pontos de atrito permaneceram, especialmente o impacto no custo do crédito - o que levou a oposição no Congresso a apresentar projetos para sustar a medida.
Mercado reage com nervosismo
As incertezas em torno do IOF afetaram diretamente os indicadores financeiros. O dólar chegou a bater R$ 5,70 antes de fechar em R$ 5,69 (+0,88%), enquanto o Ibovespa recuou 0,47%. O clima de instabilidade reflete a preocupação com possíveis efeitos negativos na já frágil retomada econômica.
Alerta sobre impacto no crédito
Isaac Sidney, da Febraban, foi enfático ao alertar que as mudanças podem elevar em até 40% o custo efetivo total de operações de curto prazo para pequenas e médias empresas. "O impacto é severo", afirmou, revelando que o setor apresentou ao governo alternativas para equilibrar as contas públicas sem prejudicar tanto o acesso ao crédito.
Equilíbrio difícil
O impasse coloca o governo diante de um dilema: como aumentar a arrecadação sem estrangular o crédito em um momento econômico delicado. Enquanto o Ministério da Fazenda insiste na necessidade de ajustes fiscais, o setor produtivo alerta para riscos de desaceleração. A solução desse conflito pode definir o ritmo da economia brasileira nos próximos meses.