Lula defende relação estratégica com a Rússia em meio a tensões globais - Pagenews

Lula defende relação estratégica com a Rússia em meio a tensões globais

Publicado em: 09/05/2025

Lula defende relação estratégica com a Rússia em meio a tensões globais
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Lula defende relação estratégica com a Rússia em meio a tensões globais
Em um cenário geopolítico marcado por polarizações e sanções internacionais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou durante encontro em Moscou a importância de fortalecer os laços entre Brasil e Rússia. A declaração ocorreu após participação no desfile militar que celebrou os 80 anos da vitória soviética sobre o nazismo, evento carregado de simbolismo em um momento em que a Rússia enfrenta críticas globais por sua invasão da Ucrânia. “Estamos aqui para reconstruir parcerias estratégicas em política, comércio, cultura e tecnologia”, destacou Lula, sinalizando uma postura que busca equilibrar diplomacia e pragmatismo econômico.


Críticas às tarifas dos EUA e o risco ao multilateralismo
Lula não poupou críticas às políticas comerciais dos Estados Unidos, classificando as tarifas unilaterais impostas durante o governo Trump como “um golpe no livre comércio e na soberania das nações”. Dados do Banco Mundial (2023) revelam que medidas protecionistas reduziram em 8% o fluxo global de mercadorias desde 2018, afetando economias emergentes como a brasileira. “O multilateralismo e o papel da ONU estão sendo enterrados por decisões que beneficiam poucos”, alertou o presidente, em referência a tensões que ressurgem com a guerra comercial EUA-China e conflitos na Europa.


Putin evoca história comum e busca alianças no Sul Global
Vladimir Putin recebeu Lula com elogios à cooperação histórica entre os países, lembrando a participação brasileira na coalizão anti-Hitler. “Honramos a mesma memória de heroísmo”, afirmou, em um discurso que mistura narrativa histórica com estratégia política. A aproximação com o Brasil ocorre em um contexto onde a Rússia, isolada pelo Ocidente, busca fortalecer parcerias com nações do Sul Global — movimento que incluiu, em 2023, um aumento de 27% no comércio bilateral, segundo o Ministério do Desenvolvimento russo.


Agenda internacional sinaliza posicionamento geopolítico do Brasil
Após deixar Moscou, Lula segue para a China, onde discutirá investimentos em infraestrutura e tecnologia. A sequência de viagens reflete uma tentativa de reposicionar o Brasil como mediador em conflitos globais, ainda que isso gere atritos com aliados tradicionais. Analistas apontam riscos: alinhar-se a potências sob sanções pode comprometer acordos comerciais com a UE e os EUA, que respondem por 35% das exportações brasileiras (Comex Stat, 2024). Enquanto Lula defende um “multilateralismo do século XXI”, o desafio será navegar entre blocos antagônicos sem perder relevância no tabuleiro internacional.

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