Publicado em: 22/11/2025
Fortaleza, Ceará-O cenário político nacional acordou com um terremoto judicial nas primeiras horas deste sábado. Enquanto a Polícia Federal cumpria em Brasília o mandado de prisão preventiva contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, a principal figura de apoio de sua base, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, era atingida pela notícia a centenas de quilômetros de distância: no Ceará.
O relógio marcava cerca de 6h da manhã na capital federal quando a operação foi deflagrada na residência de Bolsonaro. A medida, ordenada pelo Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não se referia à execução da pena já imposta, mas sim a uma custódia preventiva motivada por dois fatores graves: uma suposta violação do equipamento de monitoramento eletrônico (tornozeleira) e o receio de risco de fuga e obstrução da Justiça.
A notícia da prisão encontrou Michelle Bolsonaro em solo cearense. Ela estava em Fortaleza para participar de um Encontro Estadual do PL Mulher no estado. Com a eclosão da crise em Brasília, a ex-primeira-dama cancelou imediatamente todos os compromissos de sua agenda no Nordeste e iniciou os trâmites para retornar à capital federal.
Em uma publicação carregada de apelo religioso, feita enquanto aguardava o voo para Brasília, ela buscou dar um tom de confiança e fé em meio ao caos. "Confio na justiça de Deus. A justiça humana, como temos visto, já não se sustenta. Mas sei que o Senhor dará o Escape, assim como fez em 2018", escreveu, fazendo uma referência direta ao atentado que Bolsonaro sofreu na campanha daquele ano.
A distância física entre o Ceará e o Planalto Central, que normalmente simboliza uma pausa ou um compromisso de agenda, transformou-se em um símbolo da perplexidade e da emergência que tomou conta da família política. A comunicação de Michelle, feita longe dos holofotes e da pressão da capital, ressaltou o isolamento repentino do ex-presidente e a urgência de seu retorno.
No Distrito Federal, a equipe jurídica de Bolsonaro agiu rapidamente, protocolando um pedido de prisão domiciliar humanitária. A argumentação da defesa foca no extenso e delicado quadro clínico de saúde do ex-presidente, citando as consequências da facada de 2018 e as múltiplas comorbidades. O objetivo é evitar a transferência para um presídio comum, alegando que o ambiente prisional seria incompatível com suas necessidades.
Conclusão: O cancelamento abrupto da agenda política no Ceará e o retorno imediato a Brasília ilustram a gravidade e a rapidez com que a situação evoluiu. Michelle Bolsonaro, que estava no estado para liderar o braço feminino do Partido Liberal, viu-se obrigada a trocar o palanque pelo apoio familiar e pela articulação nos bastidores da crise. O voo de volta, transformado em uma corrida contra o tempo, simboliza o fechamento de um ciclo político-partidário no Nordeste e o foco total da família e de seus aliados na estratégia judicial para reverter ou abrandar a custódia preventiva do ex-presidente.