Publicado em: 30/03/2025
MP denuncia Pablo Marçal por expor grupo a risco extremo em trilha no Pico dos Marins
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) formalizou na última sexta-feira (28) uma denúncia contra o empresário Pablo Marçal, ex-candidato à Prefeitura de São Paulo em 2024, por supostamente colocar em perigo a vida de 60 pessoas durante uma expedição ao Pico dos Marins, em 2023. Segundo o MP, Marçal ignorou alertas de guias profissionais e insistiu na subia, mesmo com condições adversas, sob o argumento de "mostrar a importância de correr riscos para vencer na vida".
Empresário nega acusações e acusa MP de "perseguição política"
Em nota enviada à CNN, Marçal classificou a denúncia como "absurda" e "sem fundamento", alegando que os participantes agiram de forma voluntária, sem custo ou liderança direta. "Não houve qualquer condução minha na trilha. Reforço que isso é uma tentativa de criminalizar meu nome por motivações políticas", afirmou. O caso ocorre em um contexto sensível: Marçal, figura polarizadora, recebeu 2,3% dos votos na disputa pela prefeitura e mantém discursos críticos às instituições.
Risco calculado ou negligência? Entenda os detalhes da denúncia
O MPSP sustenta que Marçal promoveu a atividade como parte de um "ritual motivacional", desprezando protocolos de segurança. Guias locais relataram à investigação que advertiram sobre ventos fortes, trechos instáveis e risco de hipotermia, mas foram ignorados. Dos 60 participantes, 12 precisaram de atendimento médico leve por exaustão e quedas. A legislação paulista prevê pena de até quatro anos por expor terceiros a perigo grave, conforme o Artigo 132 do Código Penal.
Cenário jurídico e político: os próximos passos do caso
A denúncia do MP será analisada pela Justiça, que decidirá se aceita ou não a ação penal. Especialistas em direito criminal ouvidos pela CNN destacam que a voluntariedade dos participantes não anula a responsabilidade do organizador por eventuais omissões de cuidado. Paralelamente, a defesa de Marçal prepara um recurso alegando "ausência de nexo causal" entre suas ações e os riscos enfrentados. Enquanto isso, o caso reacende debates sobre a regulamentação de eventos de alto risco vinculados a figuras públicas.
Impacto na imagem pública: entre a motivação e a responsabilidade
Marçal, conhecido por cursos de autoajuda e palestras agressivas, acumula processos judiciais, incluindo acusações de estelionato e formação de quadrilha — todas negadas por ele. Dados do Tribunal de Justiça de SP mostram que, desde 2022, o empresário responde a 17 ações civis e criminais. Para analistas políticos, o caso atual pode influenciar sua trajetória pública, especialmente se houver condenação. Enquanto a decisão judicial não sai, a polêmica segue como um alerta sobre os limites entre motivação e risco coletivo.