Steve Wozniak alerta sobre as limitações e riscos da inteligência artificial

Steve Wozniak alerta sobre as limitações e riscos da inteligência artificial
Em evento realizado no Memorial da América Latina em São Paulo, o cofundador da Apple, Steve Wozniak, expressou preocupações sobre os sistemas atuais de inteligência artificial (ou "inteligência algorítmica", como prefere chamar). Apesar de reconhecer os avanços impressionantes da tecnologia, ele destacou que as IAs ainda são incapazes de compreensão emocional ou intuitiva. "Ela entende o que está dizendo? Não. Tem algum sentimento sobre isso? Não. Apenas aprendeu a devolver respostas", afirmou.

O perigo das "alucinações" e a necessidade de transparência
Wozniak chamou atenção para um problema grave: a capacidade das IAs de produzir respostas gramaticalmente perfeitas, mas factualmente incorretas – as chamadas "alucinações". Para ele, é essencial que os usuários saibam quando estão interagindo com conteúdo gerado por máquinas. "Revistas científicas sempre atribuem fontes. Fico decepcionado quando coisas não são confiáveis e verdadeiras", comparou. O pioneiro da computação defende que plataformas de IA deveriam informar claramente quais dados foram usados no treinamento e fornecer referências verificáveis, assim como em pesquisas acadêmicas.

IA como ferramenta, não como substituta do pensamento humano
O engenheiro enxerga a inteligência artificial como um potencial aprimoramento para ferramentas de busca, mas com uma ressalva crucial: "Deve sempre haver um humano para filtrar, analisar e editar". Ele critica sistemas que pretendem decidir o que é melhor para o usuário sem transparência. Wozniak, conhecido por seu pragmatismo, admitiu dificuldade em prever avanços tecnológicos além de um ou dois anos, mas expressou esperança de que assistentes pessoais como Siri e Alexa possam se tornar mais precisos em compreender contextos humanos.

O legado de um visionário cauteloso
Relembrando os primeiros anos da Apple, que cofundou com Steve Jobs em 1976, Wozniak destacou que o Apple II (1977) foi o único produto que realmente gerou lucros nos primeiros dez anos da empresa. Sua experiência o torna otimista quanto ao potencial da tecnologia, mas sempre com os pés no chão: "Espero que os assistentes pessoais melhorem, mas hoje frequentemente erram e me entendem mal". Suas declarações reforçam a importância de desenvolver IA com responsabilidade, mantendo os humanos no controle do processo decisório.