Publicado em: 09/05/2025
Morte encomendada: o que se sabe sobre o assassinato do advogado criminalista no Genibaú
Um notebook e dois celulares da vítima foram levados pelos criminosos, em um crime que expõe a crescente violência contra profissionais do direito no Brasil. Segundo dados da OAB, apenas em 2023, mais de 80 advogados foram assassinados no país, muitos em casos relacionados ao exercício da profissão.
A execução planejada
"Você é o dr. Sílvio?" foi a pergunta que antecedeu os disparos que mataram o advogado criminalista Sílvio Vieira, dentro de seu Jeep Renegade, no Parque Genibaú, em Fortaleza. A cena, capturada por testemunhas, revela a frieza de um crime meticulosamente planejado. Três dias após o homicídio, a Polícia Civil mantém como principal linha de investigação que o conselheiro da OAB-CE foi assassinado devido à sua atuação profissional.
Documentos do Ministério Público do Ceará (MPCE) obtidos pela reportagem indicam que o crime estaria ligado à frustração de um integrante de facção criminosa, que não obteve a liberdade esperada em um processo defendido por Sílvio. O advogado teria sido atraído ao local sob o pretexto de receber um pagamento de R$ 4 mil em espécie por serviços prestados. O MPCE afirma que não há dúvidas sobre a conexão do crime com a profissão da vítima e pede novas diligências, incluindo o depoimento de familiares e amigos.
O dia do crime
A esposa de Sílvio revelou à polícia que, desde o sábado anterior ao crime, ele recebia ligações insistentes de alguém que exigia seu comparecimento ao Genibaú para receber o valor em dinheiro. Apesar das súplicas da esposa para que não fosse, o advogado acabou cedendo. Testemunhas relatam que, ao chegar ao local, Sílvio foi abordado por dois homens com tornozeleiras eletrônicas — um detalhe que chama atenção para a atuação de criminosos monitorados pela Justiça. Após confirmar sua identidade, os assassinos efetuaram os disparos. Mesmo baleado, Sílvio tentou fugir, mas colidiu contra um muro. Os criminosos se aproximaram novamente e "concluíram o serviço", roubando seus pertences.
Quem são os presos
Pedro Guilherme Bandeira Lourenço, conhecido como "Lourim", e Francisco Robert Teixeira de Mesquita, "Itapagé", foram presos em flagrante como os executores do crime. Francisco Robert já era foragido da Justiça, com um mandado de prisão em aberto por outro homicídio e havia removido sua tornozeleira eletrônica ilegalmente. Testemunhas apontam que o mandante seria uma figura identificada apenas como "César, o Coroa". Na prisão dos suspeitos, foram apreendidas quatro armas, munições, drogas e dinheiro, evidenciando a gravidade de suas atividades criminosas.
A carreira de Sílvio Vieira
Advogado criminalista com trajetória marcante no Ceará, Sílvio Vieira atuou em casos de grande repercussão, incluindo a defesa de policiais militares no júri da Chacina da Grande Messejana. Sua morte não só choca a classe jurídica, como reforça o debate sobre a segurança dos operadores do direito em um cenário onde a violência e a impunidade frequentemente se sobrepõem à justiça.