Publicado em: 31/05/2025
Violência contra médicos no Brasil: um problema alarmante
A cada duas horas, um médico é vítima de violência no Brasil, segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM). No último ano, em média 12 profissionais foram agredidos, ameaçados ou desacatados diariamente em estabelecimentos de saúde. Os crimes incluem injúria, lesão corporal e até mesmo ataques físicos, revelando um cenário preocupante para quem dedica a vida ao cuidado dos outros.
Dados recordes em 2024
O CFM registrou 4.562 boletins de ocorrência em 2024, o maior número desde o início da série histórica, em 2013. As agressões ocorreram em hospitais, consultórios, prontos-socorros e outras unidades de saúde, tanto públicas quanto privadas. Apesar dos números já serem altos, eles podem estar subnotificados, já que estados como Paraíba, Rondônia e Tocantins não forneceram dados completos, e no Rio de Janeiro, apenas casos em que a vítima foi explicitamente identificada como médico foram contabilizados.
Homens são as principais vítimas, mas mulheres estão em risco crescente
Embora os homens ainda sejam os mais atingidos (1.819 casos), as mulheres médicas estão cada vez mais expostas, com 1.757 ocorrências registradas. Em sete estados – Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima e Tocantins –, elas já são as principais vítimas. Em São Paulo, líder em registros (26% do total), 514 das 832 agressões foram contra médicas.
São Paulo, Paraná e Minas Gerais concentram maior violência
São Paulo lidera o ranking com 832 casos, seguido pelo Paraná (767) e Minas Gerais (460), este último o segundo estado com mais médicos do país. Belo Horizonte, capital mineira, responde por 15% das ocorrências no estado. A violência não se limita às grandes cidades: 66% dos casos aconteceram no interior, contra 34% nas capitais.
Pacientes e familiares são os principais agressores
A maioria das agressões partiu de pacientes, familiares ou pessoas sem vínculo com os médicos, evidenciando um clima de hostilidade dentro dos próprios locais que deveriam ser de acolhimento e tratamento.
Lei mais rigorosa contra crimes na saúde avança no Congresso
O tema ganhou destaque na Câmara dos Deputados, que aprovou um projeto de lei aumentando as penas para crimes contra profissionais da saúde. Relatado pelo deputado Bruno Farias (Avante-MG), o texto prevê pena de 12 a 30 anos para homicídio qualificado contra médicos em exercício – antes, a punição variava de 6 a 20 anos.
Segurança é essencial para a medicina
José Hiran Gallo, presidente do CFM, reforça a necessidade de ambientes seguros para os profissionais. "Não se trata apenas de proteger o patrimônio, mas de garantir condições dignas para o exercício da medicina e o direito dos pacientes à saúde, seja na rede pública ou privada", afirma. Enquanto a violência persiste, a discussão sobre medidas efetivas de proteção aos médicos se torna urgente.