Publicado em: 20/05/2025
Por Redação PageNews
Campinas, SP- Aquela ideia de que a água da chuva é pura e limpa acaba de ser drasticamente questionada por um novo estudo. Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelaram um dado alarmante: a água da chuva no estado de São Paulo está contaminada com agrotóxicos! O estudo, publicado na revista científica Chemosphere, analisou amostras coletadas em cidades do interior e na capital, acendendo um sinal de alerta para a saúde humana e o meio ambiente.
A pesquisa coletou e analisou a água da chuva durante 36 meses, entre 2019 e 2021, em três cidades com diferentes características de urbanização e uso do solo: Brotas, Campinas e a capital São Paulo. Os resultados foram claros e preocupantes: em todas as três localidades, foram detectados agrotóxicos nas águas pluviais.
A origem dessa contaminação está diretamente ligada à aplicação desses produtos nas lavouras. Depois de pulverizados nas culturas, os agrotóxicos são dissipados na atmosfera. Fenômenos climáticos como o vento, a umidade e a temperatura são responsáveis por essa distribuição, levando as partículas para longe das áreas de plantio. No processo natural de formação das chuvas, esses contaminantes se condensam nas gotas e, assim, retornam ao solo e à água.
A pesquisa identificou a presença de 14 tipos diferentes de agrotóxicos e cinco compostos derivados nas amostras de água da chuva. Alguns dos destaques negativos são:
Embora muitas das substâncias encontradas não tenham ultrapassado os limites legalmente permitidos para água potável no país, os pesquisadores apontam um grande problema: muitas sequer têm padrões de segurança definidos. Isso significa que, mesmo em baixas doses, a exposição crônica e contínua a essas substâncias pode causar danos irreversíveis à saúde humana e à vida aquática. O uso da água da chuva para abastecimento, especialmente em áreas de escassez hídrica, deve ser feito com cautela extrema.
A contaminação da água da chuva por agrotóxicos é um problema de saúde pública e ambiental de proporções globais. Quando esses produtos químicos chegam aos rios, lagos e reservatórios, eles podem:
O estudo da Unicamp é um chamado urgente à ação. Ele reforça a importância de um monitoramento mais rigoroso do uso de agrotóxicos, a necessidade de regulamentações mais estritas e, fundamentalmente, a busca por um modelo agrícola mais sustentável e menos dependente de químicos pesados. A chuva, que deveria ser um símbolo de pureza e vida, está se tornando um vetor de contaminação, e o impacto dessa "chuva de veneno" sobre a saúde de nossa população e de nosso planeta é um desafio que não podemos ignorar