Publicado em: 24/08/2025
Uma cena que parece ter saído de um filme de ficção científica chocou caçadores na Califórnia. Javaporcos abatidos apresentavam tecidos internos com uma tonalidade de azul neon intensa, um fenômeno assustador que, na verdade, revelou uma verdade perigosa. A coloração inusitada não era um mistério, mas sim um alerta: os animais estavam envenenados.
O fenômeno é resultado da ingestão de difacinona, um rodenticida utilizado para controlar pragas em plantações. Para que humanos não se confundam com outros produtos, o veneno é tingido de azul. No entanto, os javaporcos — híbridos de javali e porco doméstico — não entendem o aviso visual e ingerem tanto as iscas diretamente quanto roedores contaminados.
A coloração azul, embora visível, é apenas a ponta do iceberg do problema. A difacinona permanece ativa mesmo após a carne ser cozida, o que eleva o risco de contaminação para predadores e até para humanos que consomem esses animais. Esse efeito em cascata já foi documentado em outros estudos. Dados do Departamento de Pesca e Vida Selvagem da Califórnia (CDFW) indicam que quase 83% dos ursos analisados no estado apresentaram sinais de exposição a rodenticidas.
O javaporco é um elo perfeito para a disseminação da toxina, pois sua dieta é extremamente variada, incluindo plantas, carcaças e até presas envenenadas. Considerados uma praga agrícola na Califórnia, esses animais causam milhões em prejuízos anuais e sua adaptabilidade os levou a se espalhar por mais de 35 estados dos Estados Unidos, tornando o controle de seu impacto ambiental uma tarefa ainda mais difícil.
O caso dos javaporcos azuis serve como um lembrete do risco invisível que venenos podem representar para todo um ecossistema, com consequências que vão muito além dos alvos iniciais.