O Perigo Mora no Natural: Por Que a Anvisa e Especialistas Alertam Sobre o Uso de Chás e Ervas.

Redação PageNews

Fortaleza, CE – Chás e fitoterápicos são parte da cultura brasileira e são amplamente utilizados para diversas finalidades, desde um simples relaxamento até o alívio de sintomas. No entanto, especialistas alertam: apesar de parecerem inofensivos por serem "naturais", esses produtos exigem cuidados rigorosos no consumo para garantir a segurança e a eficácia. A orientação profissional é crucial para evitar riscos à saúde.

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A Falsa Ideia do "Natural Inofensivo"

A crença de que tudo o que é natural não faz mal é um dos maiores equívocos quando se trata de chás e fitoterápicos. Plantas possuem princípios ativos que podem interagir com medicamentos, causar reações alérgicas, intoxicações ou até mesmo agravar condições de saúde existentes.

"É um erro pensar que, por ser de origem vegetal, não há riscos. Muitas plantas têm componentes farmacologicamente ativos que podem ser tão potentes quanto um remédio sintético, e, se usados de forma inadequada, podem trazer sérios problemas", explica a Dra. Ana Paula Fernandes, farmacêutica e especialista em fitoterapia. "A dosagem, a forma de preparo, a parte da planta utilizada e até mesmo a origem e pureza do produto são fatores cruciais que impactam a segurança."

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Riscos e Complicações que o Uso Inadequado Pode Causar

O uso indiscriminado ou a automedicação com chás e fitoterápicos podem levar a diversas complicações:

• Interações Medicamentosas: Muitos chás podem anular o efeito de medicamentos prescritos ou, pior, potencializá-los, causando efeitos colaterais perigosos. Por exemplo, alguns fitoterápicos podem interferir em anticoagulantes, antidepressivos ou remédios para pressão arterial.


• Toxicidade: Certas plantas, se consumidas em excesso ou de forma incorreta, podem ser tóxicas para órgãos como fígado e rins.


• Reações Alérgicas: Assim como qualquer substância, chás e fitoterápicos podem desencadear alergias, que vão desde irritações na pele até reações anafiláticas graves.


• Contaminação: Produtos comercializados sem controle de qualidade podem estar contaminados por agrotóxicos, metais pesados ou microrganismos.


• Mascaramento de Sintomas: O uso de chás para aliviar sintomas pode atrasar o diagnóstico e tratamento de doenças graves que necessitam de intervenção médica.

"Já atendi pacientes que tiveram elevação de enzimas hepáticas por consumo excessivo de chás que se diziam 'emagrecedores', e outros que tiveram descontrole da pressão arterial por interagir com medicações de uso contínuo", relata a Dra. Ana Paula.

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Onde Buscar Orientação: O Papel do Profissional de Saúde

Para um consumo seguro e eficaz de chás e fitoterápicos, a orientação de um profissional de saúde qualificado é indispensável. Médicos, nutricionistas, farmacêuticos ou fitoterapeutas com formação específica são os mais indicados para:

• Avaliar a necessidade e a pertinência do uso.


• Indicar a planta correta para a finalidade desejada.


• Definir a dosagem e a forma de preparo adequadas.


• Verificar possíveis interações com outros medicamentos que o paciente já utiliza.


• Orientar sobre a procedência e a qualidade do produto.

"É fundamental que o paciente informe ao seu médico sobre todo e qualquer chá ou fitoterápico que esteja utilizando, mesmo que seja 'só para relaxar'", enfatiza a Dra. Ana Paula. "Essa informação é vital para evitar interações perigosas e garantir que o tratamento médico não seja comprometido."

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Dicas para o Consumidor:

• Não se automedique: Evite usar chás e fitoterápicos sem orientação profissional.


• Informe seu médico: Sempre diga ao seu médico sobre qualquer chá ou fitoterápico que você esteja tomando.


• Compre de fontes confiáveis: Prefira produtos de estabelecimentos e marcas conhecidas, que sigam as normas da Anvisa.


• Fique atento aos rótulos: Verifique a lista de ingredientes, data de validade e instruções de uso.


• Pesquise, mas com cautela: Use a internet para buscar informações, mas sempre as confirme com um profissional de saúde.

Consumir chás e fitoterápicos pode ser benéfico, mas a sabedoria popular deve ser aliada ao conhecimento científico para garantir que o que vem da natureza realmente faça bem.