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Manaus, AM- Um retrato sombrio da disparidade socioeconômica no Brasil emerge de um recente levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O estudo, que analisou nada menos que 5.550 municípios brasileiros, aponta Ipixuna, localizada no coração do Amazonas, como a cidade com o pior Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), alcançando a alarmante marca de apenas 0,1485 ponto, o que a classifica em um nível de desenvolvimento "crítico".
Amazonas em Destaque Negativo:
- Crise Profunda: O índice de Ipixuna expõe uma realidade preocupante, onde as condições de emprego, renda, saúde e educação estão em patamares extremamente baixos, distantes do mínimo considerado adequado para uma qualidade de vida digna.
- Vizinha em Sofrimento: A situação do Amazonas se agrava com a presença de Jutaí, outro município do estado, figurando na quarta pior colocação do ranking nacional, com um IFDM de apenas 0,1802 ponto. Essa concentração de cidades com desenvolvimento crítico na mesma região acende um alerta sobre os desafios específicos enfrentados pelo estado.
Abismo Socioeconômico: Um Atraso de Décadas:
- Distância Alarmante: O estudo da Firjan revela um abismo entre os municípios com desenvolvimento crítico e aqueles que lideram o ranking. Em média, essas cidades em situação mais vulnerável acumulam um atraso de 23 anos em relação a polos de desenvolvimento como Água de São Pedro (SP), São Caetano do Sul (SP) e a capital paranaense, Curitiba (PR), que ostentam os melhores resultados do país.
- IFDM: O Raio-X do Desenvolvimento: O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) é uma ferramenta robusta que radiografa o desenvolvimento socioeconômico dos municípios brasileiros. Em sua edição de 2025, com uma nova metodologia, o estudo analisou indicadores cruciais nas áreas de emprego, renda, saúde e educação. A escala do IFDM varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior o nível de desenvolvimento da cidade.
Aprofundando a Análise: Os Pilares do Desenvolvimento em Crise:
Para entender a profundidade da crise em Ipixuna e em outros municípios com baixo IFDM, é fundamental analisar os pilares que compõem o índice:
- Emprego e Renda: Cidades com baixo desenvolvimento geralmente apresentam dificuldades na geração de empregos formais, baixa absorção da mão de obra local, economia pouco diversificada e altos índices de pobreza, refletindo a fragilidade do mercado de trabalho e a má distribuição de renda.
- Saúde: Indicadores críticos nessa área revelam deficiências na cobertura vacinal, baixo acesso a consultas pré-natais, alta incidência de gravidez na adolescência, elevadas taxas de internações por condições sensíveis à atenção básica e problemas de saneamento, além de alta mortalidade infantil evitável e baixo número de médicos por habitante.
- Educação: Municípios com baixo IFDM em educação geralmente enfrentam desafios como baixa oferta e qualidade da educação básica, formação precária de professores e baixo desempenho dos alunos em avaliações como o Ideb.
O levantamento da Firjan escancara a persistente desigualdade regional no Brasil, com a região Norte concentrando um número significativo de municípios com os piores indicadores de desenvolvimento. A situação de Ipixuna serve como um alerta para a necessidade de políticas públicas urgentes e focalizadas que promovam o desenvolvimento integral dessas comunidades, garantindo acesso a serviços básicos de qualidade e oportunidades para a melhoria da qualidade de vida de sua população. A distância de mais de duas décadas em desenvolvimento em relação aos municípios mais avançados exige um esforço conjunto e contínuo para reduzir esse abismo e construir um futuro mais equitativo para todos os brasileiros.