A volta de Orós: Alívio e Celebração no Ceará - Pagenews

A volta de Orós: Alívio e Celebração no Ceará

Publicado em: 27/04/2025

A volta de Orós: Alívio e Celebração no Ceará
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Orós Volta a Sangrar: Alívio e Celebração no Ceará
O segundo maior açude do Ceará, o Orós, sangrou na noite de sábado (26) após 14 anos, marcando um momento histórico para o semiárido nordestino. Com capacidade para 1,9 bilhão de m³, o reservatório atingiu 100% do volume, aliviando parte da pressão hídrica em um estado que enfrentou secas críticas na última década. A última sangria ocorreu em 2011, também em abril, revelando um ciclo de incertezas climáticas que ainda assombra a região.


Do Seca Extrema à Recarga Histórica
Entre 2012 e 2023, o Orós chegou a operar com menos de 5% de sua capacidade, refletindo a crise hídrica que paralisou agricultura e abastecimento. Em 2024, a quadra chuvosa (fevereiro a maio) trouxe alívio: o açude encerrou abril com 58,72% e, após recargas intensas em maio, transbordou. O fenmeno não é apenas simbólico: as águas vertidas alimentam o Rio Jaguaribe, recarregando o Castanhão, maior reservatório do estado (6,7 bilhões de m³), hoje com apenas 23% de sua capacidade.


Impacto Econômico e Ambiental
A sangria reacende esperanças para 2,5 milhões de cearenses dependentes da bacia do Jaguaribe. Agricultores, pescadores e cidades do interior veem no evento uma janela para recuperação econômica pós-seca. No entanto, especialistas alertam: a euforia não pode mascarar a urgência de políticas de gestão hídrica. O Ceará tem 80% de seus reservatórios abaixo de 30%, e a dependência de chuvas irregulares mantém o estado refém das mudanças climáticas.


A Cadeia Hídrica: Orós e o Castanhão
A conexão entre os açudes é vital. Enquanto o Orós sangra, parte da água escoa para o Castanhão, crucial para abastecer Fortaleza e regiões industriais. Em 2024, mesmo com a recarga, o estado ainda enfrenta racionamentos em 15 municípios. A celebração às margens do Orós, com feiras e shows, contrasta com a realidade: a segurança hídrica no Nordeste exige mais que chuva — demanda investimento em infraestrutura e conservação. Um respiro, sim, mas que lembra: a seca nunca está longe.

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