Ceará tem mais de 66 mil crianças e adolescentes autistas enfrentando desafios de inclusão - Pagenews

Ceará tem mais de 66 mil crianças e adolescentes autistas enfrentando desafios de inclusão

Publicado em: 31/05/2025

Ceará tem mais de 66 mil crianças e adolescentes autistas enfrentando desafios de inclusão
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Ceará tem mais de 66 mil crianças e adolescentes autistas enfrentando desafios de inclusão
Os dados do Censo 2022 revelam um cenário desafiador: o Ceará possui 126,5 mil pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), sendo que 52,78% são crianças e adolescentes. Com 23.486 casos na faixa de 5 a 9 anos, o estado apresenta a terceira maior prevalência do país (1,4%), atrás apenas do Acre e Amapá. Esses números, agora oficializados graças à inclusão do TEA no Censo pela Lei 13.861/2019, escancaram a urgência de políticas públicas efetivas.


Diagnóstico precoce: a diferença entre a exclusão e o desenvolvimento
Histórias como as de Lorenzo, 7 anos, e Fábio, diagnosticado com apenas 1 ano e 4 meses, ilustram como o tempo é crucial. Enquanto Fábio teve acesso a intervenções precoces que permitem frequentar creche e interagir com irmãos, Lorenzo enfrentou anos de espera por terapias no SUS. "Sem acompanhamento, eu me virava com pesquisas na internet", relata Roniele, mãe de Lorenzo. A psicóloga Vanessa Nascimento reforça: "O cérebro infantil tem maior plasticidade – intervenções antes dos 3 anos podem mudar trajetórias".


Barreiras no sistema de saúde e avanços científicos
Fortaleza tem 23 mil crianças na fila por atendimento especializado, enquanto pesquisas pioneiras da UFC e Uece buscam identificar marcadores biológicos do autismo no teste do pezinho. A neuropediatra Raquel Diógenes explica que fatores genéticos – presentes nas famílias de Lorenzo e Fábio – aumentam as chances, mas a detecção ainda depende da observação de marcos do desenvolvimento. Pediatras são a primeira linha de defesa: "Atrasos na fala ou perda de habilidades são sinais de alerta", destaca Diógenes.


Além do diagnóstico: o desafio da aceitação e inclusão social
"Tive um luto quando recebi o laudo", confessa Liana, mãe de Fábio, refletindo um sentimento comum. O preconceito persiste, como relata Roniele: "Meu filho sofre bullying por ser 'diferente'". Enquanto isso, a advogada Liana Maia transformou sua experiência em militância: "Diagnóstico não é sentença, mas ponto de partida para direitos". Com 17.790 crianças de 0 a 4 anos recém-diagnosticadas no Ceará, esses relatos mostram que dados do Censo são mais que números – são vidas que demandam saúde, educação e, acima de tudo, respeito.

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