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Publicado em: 23/05/2025
Fortaleza, CE – A cidade de Icapuí, no litoral leste do Ceará, decretou situação de emergência em áreas afetadas pela erosão costeira, um fenômeno natural que tem se intensificado e causado sérios prejuízos à população e à infraestrutura local. O decreto foi publicado no Diário Oficial do Município em 5 de maio, reconhecendo a urgência da situação.
A erosão costeira ocorre quando a praia perde mais sedimentos do que recebe, resultando no recuo da linha da costa e no "engolimento" da faixa de areia pelo mar. Em Icapuí, a situação é alarmante, com o avanço intenso do mar afetando principalmente as praias de Peroba, Ponta Grossa, Barreiras e Quitérias.
O fenômeno tem provocado "momentos difíceis" para os moradores, especialmente os pescadores. Algumas casas estão em risco iminente de serem levadas pela maré, e 90% dos barcos estão tendo que usar o porto provisório da comunidade de Ponta Grossa, já que seus locais habituais estão comprometidos. Além disso, o avanço do mar tem levado à destruição de moradias e propriedades, bem como à salinização dos lençóis freáticos, afetando o acesso à água potável em algumas comunidades.
A erosão costeira é um processo complexo, influenciado por fatores naturais e antrópicos. Embora seja um processo natural impulsionado pela ação das ondas, correntes e ventos, no Ceará, o problema é agravado pela elevação do nível do mar (impacto das mudanças climáticas), pela ocupação urbana desordenada e pela ausência de planejamento costeiro. A construção de portos e outras infraestruturas costeiras, por exemplo, pode alterar o fluxo natural de sedimentos, contribuindo para a erosão em outras áreas. A retirada de areia de rios e estuários para a construção civil também impede a reposição natural de sedimentos nas praias.
Em Icapuí, cerca de 29% da orla de 45 km está sujeita a processos erosivos, conforme um estudo do Programa Cientista Chefe do Governo do Estado. Algumas praias como a Peroba já estão em situação crítica, com a perda da faixa costeira ultrapassando um metro por ano em diversos pontos do litoral cearense. Pelo menos seis das 14 praias de Icapuí já apresentam estágios avançados de erosão, causando prejuízos como casas danificadas, pescadores impedidos de zarpar e pousadas fechadas ou com reservas canceladas.
A declaração de situação de emergência é um passo crucial para que o município possa buscar recursos e implementar medidas de contenção. O prefeito de Icapuí, Kleiton Pereira, afirma que a situação emergente é percebida em diversas áreas e que a gestão está em busca de verbas para construir obras de contenção, como espigões.
A construção de um espigão na Praia da Peroba, por exemplo, já foi iniciada, mas o processo é longo e complexo. O objetivo dessas estruturas de pedras que adentram o mar é reter sedimentos e conter o avanço das ondas. No entanto, a implementação dessas obras exige planejamento e recursos significativos, e a comunidade de Icapuí, uma das mais afetadas pela erosão no Ceará, aguarda com expectativa as ações para proteger suas casas e seu modo de vida.