Publicado em: 28/05/2025
Mãe cearense transforma vida de filho autista com cannabis medicinal e vira símbolo de luta
Aos 10 anos, Allan vive hoje "outra vida" graças ao óleo de cannabis – um contraste radical com os primeiros anos marcados por crises graves de automutilação, agressividade e um coquetel de oito medicamentos que o mantinham sedado. Sua mãe, Robervania da Silva, 38, tornou-se ativista após comprovar na prática os benefícios da planta no tratamento do autismo nível 3 do filho e de sua própria fibromialgia. A história emocionante, que será debatida neste sábado (17) na Feira Canábica do Ceará, revela os desafios e conquistas do uso medicinal da cannabis no estado.
Do HC à realidade: a batalha diária para cultivar o próprio remédio
Apesar de ter obtido habeas corpus para cultivo em 2022, Robervania só conseguiu montar sua estrutura caseira há menos de uma semana – após investir milhares de reais de empréstimos. O caso expõe as contradições do sistema: mesmo com autorização judicial, pacientes enfrentam obstáculos financeiros e técnicos para produzir seu tratamento. No Ceará, onde um projeto de lei pretende criar uma Política Estadual de Cannabis medicinal, histórias como a de Allan evidenciam a urgência de regulamentação. "Ele passou a ter menos crises, conseguimos ir à praia, ao Castelão... Foi uma transformação", relata a mãe, que também usa o óleo para aliviar dores crônicas.
Feira Canábica marca avanço na discussão sobre tratamentos alternativos
O evento deste final de semana em Fortaleza simboliza a crescente aceitação social da cannabis medicinal, reunindo mutirão médico, oficinas e debates jurídicos. Enquanto o Brasil ainda patina na regulamentação – com apenas 3.300 autorizações da Anvisa para importação de medicamentos canabinos até 2024 –, casos como o de Allan reforçam que o acesso digno a tratamentos alternativos pode significar a diferença entre sobreviver e viver com qualidade. A trajetória de Robervania, de mãe desesperada a ativista, inspira outras famílias que buscam alívio onde a medicina tradicional falhou.