Publicado em: 15/12/2025
O Ceará está prestes a receber um tesouro inestimável: fósseis de cerca de 100 milhões de anos que, por décadas, estavam em coleções particulares na Alemanha. O retorno desses fragmentos da história geológica da região é mais do que uma repatriação; é a reconexão de um patrimônio científico que havia sido ilegalmente extraído do país.
O Ceará, especialmente a Bacia do Araripe (localizada no sul do estado), é um dos maiores e mais importantes sítios paleontológicos do mundo. A região é famosa por preservar fósseis em estado excepcional, incluindo peixes, plantas e até mesmo dinossauros. Infelizmente, essa riqueza a tornou alvo de colecionadores e traficantes internacionais.
Os espécimes que estão retornando foram adquiridos pelo Governo do Ceará por cerca de R$ 56 mil, em um processo complexo que envolveu negociações internacionais e amparos legais. O valor, embora significativo, é pequeno diante da importância científica e histórica do material.
O valor desses fósseis é incomensurável para a ciência brasileira e cearense. Quando um fóssil é retirado de seu local de origem sem a devida documentação, perde-se o contexto geológico — a informação sobre a camada de rocha e o ambiente onde foi encontrado. Esse contexto é crucial para que os pesquisadores entendam o ecossistema pré-histórico da região.
Com o retorno, esses fósseis serão incorporados ao acervo de instituições de pesquisa do estado, como a Universidade Regional do Cariri (URCA), onde poderão ser estudados por cientistas brasileiros. Isso garante que o conhecimento gerado por essa riqueza natural permaneça e beneficie a comunidade científica local e a educação cearense.
O retorno dessas peças é um marco na defesa do patrimônio nacional e um lembrete da responsabilidade de proteger os vestígios do passado que moldaram o Ceará de hoje.