Publicado em: 16/05/2025
Carla Zambelli afirma que não sobreviveria na prisão após condenação do STF
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) declarou nesta quinta-feira (15) que não resistiria a uma eventual prisão, após ser condenada pela Primeira Turma do STF a dez anos de detenção pelos crimes de invasão ao sistema do CNJ e falsidade ideológica. A corte também decidiu pela perda de seu mandato, em um caso que ainda pode ser recorrido, mas que já a torna inelegível pela Lei da Ficha Limpa.
Condenação e alegações de perseguição política
Zambelli, que nega as acusações, classificou a decisão do STF como injusta e afirmou que não há provas suficientes para condená-la. Em pronunciamento na sede do PL em São Paulo, ela alegou sofrer de depressão, síndrome da taquicardia postural ortostática e síndrome de Ehlers-Danlos, condições que, segundo médicos, a tornariam incapaz de suportar o regime carcerário. Durante a coletiva, um assessor apresentou uma caixa de medicamentos, reforçando seu argumento sobre a fragilidade de sua saúde.
O caso da invasão ao CNJ e a participação de Walter Delgatti
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Zambelli de ter articulado, junto ao hacker Walter Delgatti Neto, a invasão ao sistema do CNJ em janeiro de 2023, com o objetivo de emitir alvarás de soltura falsos e incluir um mandado de prisão fraudulento contra o ministro Alexandre de Moraes. Delgatti, que já confessou os crimes, teve sua credibilidade questionada pela defesa da parlamentar, que o chamou de "mitômano" por supostamente alterar sua versão dos fatos em depoimentos.
Relação com Bolsonaro e tensões políticas
Zambelli negou qualquer envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro no caso e mencionou que não mantém contato com ele desde a condenação. Apesar de já ter expressado sentimentos de abandono, ela minimizou a questão, afirmando que "não esperava ser acolhida". Seu partido, o PL, busca na Câmara dos Deputados a suspensão da ação penal contra ela, seguindo o mesmo caminho adotado no caso do deputado Alexandre Ramagem.
Repercussão jurídica e possível retaliação ao STF
O julgamento, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, teve votação unânime (5 a 0) pela condenação. A defesa de Zambelli criticou a realização do processo em plenário virtual, que impediu sustentações orais, alegando cerceamento do direito de defesa. Enquanto isso, aliados da deputada discutem no Congresso possíveis retaliações ao Judiciário, ampliando o embate institucional entre os Poderes.
Outras condenações e cenário eleitoral
Além desta condenação, Zambelli já havia sido sentenciada pelo STF a cinco anos de prisão em regime semiaberto por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal – processo ainda pendente de conclusão. O TRE-SP também cassou seu mandato por desinformação eleitoral em 2022, mas a decisão aguarda recursos. O caso reforça a crise política em torno de figuras bolsonaristas e acirra os ânimos entre o Legislativo e o STF.