Alta do IOF revela fragilidade na gestão econômica, alertam especialistas - Pagenews

Alta do IOF revela fragilidade na gestão econômica, alertam especialistas

Publicado em: 30/05/2025

Alta do IOF revela fragilidade na gestão econômica, alertam especialistas
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Alta do IOF revela fragilidade na gestão econômica, alertam especialistas
A recente elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) trouxe à tona questionamentos sobre a capacidade do governo em conduzir a política econômica. Economistas ouvidos pela CNN apontam que a medida, anunciada no dia 22 de junho como forma de equilibrar as contas públicas, demonstra falta de planejamento estratégico e pode ter efeitos contrários aos esperados. O governo estima arrecadar R$ 20 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026 com o aumento, mas especialistas duvidam da eficácia real da medida.


Críticas ao caráter improvisado da medida
Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, não poupou críticas: "Essa questão do IOF cheira a improviso porque é improviso. Coisa de gente amadora, despreparada". Ele comparou a situação a um adolescente que gasta toda a mesada e pede mais dinheiro, destacando a falta de responsabilidade fiscal após o aumento de R$ 220 bilhões em gastos públicos. Sérgio Machado, da MAG Investimentos, foi ainda mais contundente: "Esse tributo acaba com a indústria e não vai gerar um real de captação. É um veneno que mata o doente e não resolve nada".


Risco de repetição de crise fiscal
Tony Volpon, também ex-diretor do BC, alerta para um padrão preocupante: "Estamos repetindo a mesma dinâmica que parece ser a maneira petista de tocar a política fiscal - vai se arremendando aqui e ali". Marcos Lisboa, ex-presidente do Insper, fez um alerta ainda mais grave: sem um ajuste fiscal consistente, o Brasil pode caminhar para "uma crise econômica grave como a de 2015". O cenário atual já preocupa, com um déficit primário projetado em 0,25% do PIB (cerca de R$ 31 bilhões) mesmo após o maior congelamento de gastos da atual gestão.


Desgaste político com o Congresso
Lucas Aragão, da Arko Advice, aponta outro problema: "O governo parece não ter entendido que o Congresso hoje é o protagonista das políticas públicas". Jeferson Bittencourt, ex-secretário do Tesouro, vê na escolha pelo IOF um sinal claro do desgaste governista: "É um indicativo de que o governo não consegue passar mais nada no Legislativo". A medida, tomada por decreto, revela as dificuldades de articulação política em um momento que exigiria reformas estruturais e diálogo com o Parlamento.


Impactos na economia real
Além das críticas ao aspecto fiscal, especialistas destacam os efeitos negativos sobre a atividade econômica. O aumento do IOF sobre operações de câmbio, previdência privada e crédito corporativo pode desestimular investimentos e prejudicar o crescimento justamente quando a economia precisa de impulso. A aparente contradição entre a necessidade de equilíbrio fiscal e os impactos sobre o setor produtivo expõe os dilemas de uma gestão que parece privilegiar soluções de curto prazo em detrimento de um planejamento econômico consistente.

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