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Aumento do IOF: impacto imediato no crédito empresarial e risco inflacionário

Publicado em: 02/06/2025

Aumento do IOF: impacto imediato no crédito empresarial e risco inflacionário
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Aumento do IOF: impacto imediato no crédito empresarial e risco inflacionário
O decreto presidencial de 22 de maio elevou drasticamente o IOF sobre operações financeiras, surpreendendo o mercado. As novas alíquotas praticamente dobraram: taxas fixas saltaram de 0,38% para 0,95%, e a diária de 0,0041% para 0,0082%. Segundo análise da XP, o efeito equivale a um aumento de 25 a 50 pontos-base na Selic, encarecendo o crédito em pleno cenário de inflação persistente (IPCA-15 em 3,70% em maio/2024).


Setores mais vulneráveis e efeitos em cadeia
O foco recai sobre crédito empresarial, previdência privada e câmbio. PMEs serão as mais impactadas, pois 72% dependem exclusivamente de empréstimos bancários (dados Banco Central). Relatório do Bank of America alerta: o custo adicional pode desestabilizar cadeias de suprimentos de proteínas, indústrias e varejo, gerando inflação de custos. Para empresas com dívida de R$ 500 mil, a alta representa R$ 2.850 a mais em impostos apenas na parcela fixa.


Contraponto governamental e lacunas preocupantes
Embora o ministro Fernando Haddad assegure que pessoas físicas não serão afetadas, especialistas apontam riscos indiretos:




  • Crédito mais caro para empresas reduz investimentos e contratações;




  • Repasse de custos pressiona preços ao consumidor;




  • Setor imobiliário e agronegócio já sinalizam ajustes nos financiamentos.




Cenário macroeconômico desafiador
A medida ocorre simultaneamente ao congelamento de R$ 31,3 bilhões no Orçamento 2025 – maior contenção do governo atual. Para Ricardo Lacerda, da BR Partners: "É um duplo golpe: reduz-se o estímulo fiscal enquanto se aumenta o custo do capital privado". Com projeções de crescimento revisadas para baixo (1,6% em 2024, segundo Focus), o desafio será conter o spread bancário sem asfixiar a produção.

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