Publicado em: 25/05/2025
Governo aposta em leilão de petróleo para evitar cortes orçamentários profundos
O governo federal prepara-se para incluir na revisão das receitas de 2025 os recursos de um novo leilão de petróleo, visando reduzir o contingenciamento de gastos. A iniciativa, alinhada entre o Palácio do Planalto e ministérios, surge em um contexto de pressão fiscal, com estimativas iniciais de arrecadação entre R$ 23 bilhões e R$ 37 bilhões – valores agora ameaçados pela queda recente nos preços internacionais do barril.
Leilão mira excedentes de campos já produtivos do pré-sal
A proposta, prestes a ser enviada ao Congresso, prevê a venda do excedente de óleo não contratado em campos estratégicos: Tupi (0,8% disponível), Mero (3,5%) e Atapu (0,95%). Como as áreas já estão em operação – com participação de empresas chinesas como Sinopec, CNODC e CNOOC –, o risco técnico é zero. O modelo focará na comercialização direta do óleo, não dos campos, garantindo receita imediata.
Contingenciamento e meta fiscal sob tensão
O anúncio oficial do contingenciamento está marcado para quinta-feira (22), junto com o relatório bimestral de receitas e despesas. Para cumprir a meta de déficit zero em 2025 – que permite um rombo de até R$ 31 bilhões (0,25% do PIB) –, o governo avalia bloquear gastos caso as projeções indiquem desvio. Técnicos estimam a necessidade de cortes entre R$ 15 bilhões e R$ 24 bilhões, mas a equipe econômica prefere evitar ajustes abruptos, optando por diluir medidas ao longo do ano.
Haddad sinaliza medidas "pontuais" sem detalhes
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) adiantou que apresentará a Lula ações específicas para equilibrar as contas, sem revelar detalhes. O foco está em resolver "gargalos" de receitas e despesas, mas especialistas alertam: sem um leilão robusto, o governo pode depender mais de cortes em áreas sensíveis. A estratégia de postergar ajustes, como em 2024, traz riscos de acumular pressão para o final do ano, ameaçando a credibilidade fiscal.
Enquanto o Congresso analisa o leilão, a equipe econômica navega entre a expectativa de receitas do pré-sal e a realidade de um mercado volátil, onde cada queda de US$ 1 no barril reduz a margem para manobras. O resultado definirá não apenas o orçamento de 2025, mas o espaço do governo para investir em prioridades como infraestrutura e programas sociais.