Publicado em: 06/04/2025
Vale a pena comprar imóveis em 2025? Especialistas alertam para riscos e oportunidades
O mercado imobiliário brasileiro vive um paradoxo em 2024: enquanto 63% das famílias reduziram o poder de compra devido à inflação (IBGE), a oferta de imóveis com descontos de até 40% disparou. Dados do Itaú Unibanco revelam que as transações de propriedades abaixo do valor de mercado saltaram de 7.700 em 2022 para 25.500 em 2024 — alta de 228% que reflete uma crise social e econômica profunda.
Crise de inadimplência: o motor dos descontos imobiliários
A taxa de inadimplência em financiamentos chegou a 6,8% em 2024 (Abecip), pressionada por juros altos (Selic a 10,5%) e desemprego em 8,3%. Isso obrigou bancos a retomarem 18 mil imóveis só no primeiro trimestre, inundando o mercado com oportunidades de compra, mas também expondo uma realidade alarmante: 1,2 milhão de famílias perderam a casa própria desde 2020, segundo a FGV.
Por que os imóveis estão tão baratos? Quatro motivos além da crise
Inadimplência em financiamentos: 47% dos casos envolvem famílias com renda abaixo de 3 salários mínimos (DataZap+);
Dívidas de IPTU: Municípios como São Paulo e Rio vendem 220 imóveis/mês para cobrar dívidas médias de R$ 15 mil;
Débitos condominiais: Ações judiciais por inadimplência cresceram 33% em 2023 (CNJ);
Leilões judiciais: Divórcios e falências empresariais contribuíram com 28% das ofertas.
Como aproveitar as oportunidades sem cair em armadilhas
Especialistas da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) recomendam:
Verificação documental: 30% dos imóveis descontados têm pendências como usucapião ou hipotecas ocultas;
Avaliação técnica: 45% necessitam de reformas acima de R$ 50 mil, segundo o Sinduscon;
Estratégia financeira: Optar por financiamentos com FGTS pode reduzir juros em 4 pontos percentuais;
Consultoria especializada: 68% dos compradores sem assessoria enfrentam problemas legais (OAB).
Riscos ocultos: quando o barato sai caro
Apesar dos preços atraentes, 41% das transações envolvem desafios críticos (FipeZap):
Ocupação ilegal: 12% dos imóveis retomados têm moradores resistentes, com processos de reintegração que duram até 3 anos;
Infraestrutura deficitária: 25% das propriedades em leilão estão em regiões com índice de valorização abaixo da inflação;
Custos invisíveis: Taxas de condomínio atrasadas podem somar até 20% do valor do imóvel.
2025: ano de recuperação ou nova queda?
Projeções da Fundação Getulio Vargas (FGV) indicam dois cenários:
Otimista: Queda da Selic para 9% em 2025 reaquece crédito e estabiliza preços;
Pessimista: Inflação persistente mantém juros altos, ampliando leilões em 15%. Para o economista Bráulio Borges, "o momento exige cautela: é hora de caçar oportunidades, mas com due diligence rigorosa".
Conclusão: um mercado para experts e pacientes
Enquanto investidores experientes aproveitam descontos históricos (média de 27% abaixo da tabela), 58% dos compradores de primeira viagem desistem diante da burocracia (Secovi). A regra de ouro, segundo a Anoreg, é clara: negócios abaixo do mercado exigem planejamento, reserva financeira e, acima de tudo, paciência para navegar em um cenário ainda volátil.