Publicado em: 25/03/2025
Tesla enfrenta crise na Europa: vendas de elétricos despencam e rivais ampliam domínio
A Tesla registrou um declínio acentuado de 44% nas vendas de veículos elétricos na Europa em fevereiro de 2024, marcando o pior desempenho mensal em cinco anos, segundo dados da JATO Dynamics. Com apenas 16 mil unidades vendidas e participação de mercado reduzida a 9,6%, a marca perdeu espaço para rivais como Volkswagen, BMW e fabricantes chinesas – sinalizando uma tempestade perfeita de desafios estratégicos e políticos.
Política e transição de modelos: os motivos da queda
A postura de Elon Musk, que apoiou abertamente partidos de extrema direita europeus (como a alemã AfD) em mais de 20 posts no X, alienou parte de sua base consumidora no continente. Somado a isso, a descontinuação do Model Y – responsável por 35% das vendas globais da Tesla em 2023 – e a concorrência agressiva explicam a queda. "Marcas com portfólio limitado, como a Tesla, são vulneráveis durante transições de modelo", analisa Felipe Munoz, da JATO.
Volkswagen e BMW aceleram, chinesas avançam
Enquanto a Tesla patina, a Volkswagen aumentou suas vendas de elétricos em 180% (quase 20 mil unidades), e o grupo BMW-Mini atingiu 19 mil veículos, liderados por novos lançamentos como o i4 e o iX1. As montadoras chinesas também cresceram: BYD (+94%) e Polestar (+84%) venderam mais de 6 mil unidades combinadas, superando a Tesla pela primeira vez. Até a Xpeng, com 1.000 unidades, e a Leapmotor (900) ganharam terreno.
Mercado europeu: elétricos sobem, mas Tesla fica para trás
Apesar de o mercado geral de carros na Europa ter caído 3% (para 970 mil unidades), os elétricos puros (BEV) cresceram 25% – impulsionados por subsídios governamentais e metas ambientais. A Tesla, porém, não surfou essa onda: sua fatia no segmento BEV recuou 12 pontos percentuais desde 2023. Enquanto isso, a Volkswagen já detém 14% do mercado de elétricos, e a BMW, 11%.
Riscos à vista: imagem desgastada e concorrência global
O alinhamento de Musk com agendas polarizadoras e a lentidão em renovar modelos (como o adiado Cybertruck na Europa) ampliam os desafios. Enquanto isso, as chinesas investem em preços competitivos: o BYD Seal custa € 10 mil a menos que o Model 3 na Alemanha. Para piorar, a União Europeia investiga subsídios ilegais à Tesla na China, o que pode resultar em tarifas retaliatórias.
Um futuro incerto para a pioneira dos elétricos
A queda europeia reflete uma tendência global: nos EUA, a participação da Tesla no mercado de elétricos caiu de 65% para 55% em 2024. Com a indústria investindo US$ 1,2 trilhão em eletrificação até 2030 (BloombergNEF), a pressão por inovação e diplomacia corporativa nunca foi tão alta. Para Musk, a lição é clara: o mercado exige mais que tecnologia – exige conexão com valores que transcendem o asfalto.